12 acontecimentos que marcaram o desporto em 2018
Foi provavelmente o ano mais complicado da história do Sporting, que teve como epicentro o ataque à Academia de Alcochete perpetrado por cerca de 40 encapuzados, a maioria elementos da claque Juventude Leonina, que invadiram o local de treino da equipa e agrediram vários jogadores. Bruno de Carvalho caiu definitivamente em desgraça e acabou afastado da presidência à força, suspenso de funções, depois de várias polémicas e de alguns jogadores terem avançado com pedidos de rescisões com justa causa. Entrou em campo uma Comissão de Gestão, liderada por Torres Pereira e Sousa Cintra, que conseguiu resolver vários problemas, entre eles o resgate de jogadores como Bruno Fernandes e Bas Dost, elegendo José Peseiro para ocupar o lugar deixado em aberto por Jorge Jesus. No dia 8 de setembro, o médico Frederico Varandas foi eleito presidente, ele que pouco tempo depois decidiu despedir Peseiro e apostar no holandês Marcel Keiser. Relativamente ao ataque à Academia, continuam em prisão preventiva os 23 suspeitos. Bruno de Carvalho chegou a ser detido, sob a acusação de ser o mandante do ataque, mas foi entretanto libertado.
Nove anos depois, Ronaldo deixou o Real Madrid e transferiu-se para a Juventus, a crónica campeã de Itália, que apercebendo-se de algum mal-estar na relação entre CR7 e o presidente Florentino Pérez decidiu colocar em marcha uma negociação para garantir a contratação do avançado português. E no dia 10 de julho, o negócio foi oficializado, por cerca de 100 milhões de euros, com Ronaldo a assinar um contrato válido por quatro anos. Foi sem dúvida a transferência que marcou o mercado do verão. Em Itália, Ronaldo foi igual a si mesmo. Boas exibições, muitos golos, assistências, e cedo se tornou na grande figura da equipa que lidera confortavelmente a Liga italiana, com 14 golos marcados em 19 jornadas e ainda um na Liga dos Campeões. Já o Real Madrid parece mergulhado numa crise. Orfão de Ronaldo, muitos culpam o atual momento dos merengues com a saída do internacional português.
O ano de estreia de Sérgio Conceição à frente do FC Porto não poderia ter terminado melhor, com o FC Porto a sagrar-se campeão nacional em maio de 2018 e a impedir o Benfica de conquistar o tão ambicionado tetracampeonato (cinco títulos consecutivos). Conceição, antigo jogador da casa, soube implementar os seus métodos e disciplina, formando um grupo coeso e gerindo com distinção algumas polémicas, como foi o caso do afastamento de Iker Casillas. Além do título de campeão, o FC Porto terminou a temporada com dois recordes: mais pontos numa edição da I Liga, igualando o Benfica de Rui Vitória de 2015/16 (88 pontos), e superou o recorde de José Mourinho no Dragão, que era de 86 pontos. Além disso, o FC Porto foi a melhor defesa da prova, o melhor ataque, a equipa com mais vitórias e menos derrotas. Uma aposta em cheio do presidente Pinto da Costa, que o foi buscar ao Nantes depois de consumada a saída de Nuno Espírito Santo.
O conflito era antigo e rebentou em julho: o Belenenses, o quarto clube no campeonato dos campeonatos, 2146 jogos disputados na I Liga, um título nacional ganho em 1946 e por onde passaram jogadores históricos como Matateu, Pepe, Vicente Lucas e Artur Quaresma, partiu-se em dois. De um lado o Belenenses clube, presidido por Patrick Morais de Carvalho, que começou do zero na I Divisão Distrital de Lisboa; do outro o Belenenses SAD, cujo presidente é Rui Pedro Soares e que disputa a I Liga. A guerra entre clube e SAD que se arrastava há anos acabou mesmo em rutura, com o Belenenses a disputar os jogos em casa na distrital no Estádio do Restelo e a equipa da SAD no Estádio Nacional. A guerra continua e recentemente o clube viu o tribunal dar-lhe razão no caso em que pretendia que a equipa da SAD fosse impedida de utilizar símbolos, sinais distintivos e a marca Belenenses.
Em agosto de 2018, quando muitos já torciam o nariz ao seu favoritismo, Nélson Évora sagrou-se campeão da Europa do triplo salto nos Europeus disputados em Berlim, na Alemanha. Foi a 12.ª medalha da carreira do atleta em torneios internacionais, a 7.ª de ouro, com um salto de 17,10 metros, que superou a sua melhor marca pessoal do ano (17,05m), que era a terceira da Europa atrás da de Pedro Pichardo, o cubano que adquiriu nacionalidade portuguesa no final do ano (mais ainda não pôde representar a seleção) e de Alexis Copello (17,24m), o cubano que compete pelo Azerbaijão desde 2017. Aos 34 anos, foi a confirmação do regresso à elite, ele que nos últimos anos foi obrigado a lidar com várias lesões, depois de em 2015 ter ganho o ouro nos Europeus de pista coberta e o o bronze nos Mundiais ao ar livre.
Logo no início de fevereiro de 2018, Portugal fez história no futsal, com a seleção nacional a sagrar-se pela primeira vez na sua história campeã da Europa da modalidade, em Ljubljana, na Eslovénia, ao vencer a Espanha por 3-2, após prolongamento na final da competição, com um golo de Bruno Coelho, apontado de livre, Portugal conquistou pela primeira vez o título de campeão europeu de futsal, em Ljubljana, ao vencer a Espanha por 3-2, após prolongamento na final do Europeu, com um golo de Bruno Coelho, de livre direto. Portugal sucedeu à Espanha no historial da competição. E com título conquistado em Ljubljana, repetiu o feito da Espanha, que em 2008 e 2014 juntou o troféu do futsal ao futebol.
Duas medalhas de ouro em apenas 24 horas. Fernando Pimenta, de 29 anos, sagrou-se campeão mundial em duas disciplinas da canoagem (K1 5000 e K1 1000) em agosto de 2018, na competição disputada no Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho. Se no K1 5000 o canoísta de Ponte de Lima já era repetente, em K1 1000 foi a primeira vez que conquistou o ouro. "É muito trabalho, acreditar, e nunca estar satisfeito. Depois de me dizerem que era praticamente impossível, consegui superar toda a pressão e ser bicampeão do mundo em Portugal. Foi muito especial ter sido em Portugal, perante esta atmosfera fantástica. Acordei meio em êxtase, mas o meu treinador disse para ter calma, que ainda faltava esta final. Estava a sentir-me muito bem durante as últimas três voltas", disse no final, radiante com o feito alcançado. Pimenta aponta agora a uma inédita medalha individual nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, depois de em Londres 2012 ter ganho a prata, mas em K2 1000, juntamente com Emanuel Silva.
E ao fim de 10 anos, os prémios de melhor futebolista do ano deixaram de pertencer em exclusivo ao duopólio Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Luka Modric, o melhor herdeiro do legado histórico do "n.º 10" no futebol moderno, foi o pequeno génio da seleção croata que chegou pela primeira vez à final de um Mundial de futebol (que perdeu para a França), deu um toque distintivo ao meio-campo do Real Madrid que se sagrou campeão europeu, e por isso conquistou o prémio The Best, atribuído pela FIFA ao melhor jogador do Mundo e a Bola de Ouro, responsabilidade da revista France Football. Além destas duas distinções, Modric foi também eleito o melhor jogador da temporada para a UEFA. "Em crianças todos temos sonhos e o meu era jogar por um grande clube. A Bola de Ouro era mais do que um sonho para mim. É uma honra receber este prémio", disse o jogador croata em dezembro.
Os rumores já andavam no ar há muito tempo, mas a confirmação só chegou em maio de 2018: Miguel Oliveira deu mesmo o salto para o MotoGP, a categoria rainha do motociclismo. O piloto de Almada, que na última época correu no Moto2, vai correr pela equipa Tech3. "Sempre sonhei com o MotoGP, foi sempre um objetivo e ser capaz de conseguir isto é algo muito positivo", referiu na altura o piloto, que ainda se encontrava a meio da temporada do Moto2. Miguel Oliveira estreou-se no Mundial de motociclismo de velocidade em 2011, ainda no campeonato de 125cc. Seguiram-se quatro temporadas no Moto3, tendo, na última das quais, em 2015, sido vice-campeão do mundo, antes de ascender ao Moto2, no qual foi terceiro no campeonato de 2017, 21.º em 2016 e vice-campeão na última temporada. A estreia na categoria rainha do motociclismo é em março, no Qatar.
À quarta tentativa, João Sousa fez história e venceu o Estoril Open. Com fama de ser eliminado logo nas primeiras rondas, na edição de 2018, em maio, o tenista vimaranense tornou-se no primeiro português a vencer o torneio (em 2010, Frederico Gil perdeu na final), batendo na final o norte-americano Frances Tiafoe, em dois sets, e conquistando o terceiro título da carreira, depois de Kuala Lumpur (2013) e Valência (2015). "Não há palavras para descrever esta emoção, estiveram fantásticos durante toda a semana. Foi incrível. Foi um sonho tornado realidade, sempre quis vencer aqui em Portugal. É incrível todo o esforço, durante tantos anos", referiu João Sousa emocionado, ainda no "court" principal do Clube de Ténis do Estoril, no final do jogo com Tiafoe.
Dia 18 de dezembro, vésperas de Natal, a notícia surgiu logo pela manhã: o Manchester United decidiu despedir José Mourinho. Não foi propriamente uma surpresa, já que o assunto era falado há algum tempo na sequencia da época desastrosa do clube de Old Trafford - o treinador português saiu com o clube no sexto lugar (apenas 26 pontos em 17 jornadas), um recorde negativo de golos sofridos (29, mais um do que em toda a época passada) e críticas devido às más exibições da equipa. No Manchester United, onde teve desavenças com alguns jogadores, casos de Paul Pogba, Mourinho conquistou em dois anos e meio uma Liga Europa, uma Taça da Liga e uma Supertaça de Inglaterra. No total foram 144 jogos, 84 vitórias, 32 empates e 28
O caso e-Toupeira rebentou em fevereiro, depois de o semanário Expresso ter noticiado que o Ministério Público tinha aberto uma investigação a funcionários judiciais que teriam alegadamente passado de forma ilegal informações de processos ao Benfica recebendo em troca ofertas. Os primeiros desenvolvimentos surgiram em março, quando Paulo Gonçalves, à data assessor jurídico da SAD do Benfica, foi detido por suspeitas de corrupção, juntamente com dois funcionários judiciais. De acordo com a acusação do Ministério Público, estavam em causa um total de 261 crimes, divididos entre quatro arguidos: a SAD do Benfica, o ex-assessor jurídico do clube Paulo Gonçalves e dois funcionários judiciais - José Silva e Júlio Loureiro. Recentemente, a juíza decidiu que a SAD do Benfica e Júlio Loureiro não iam a julgamento, ao contrário de Paulo Gonçalves e José Silva, que vão responder por vários crimes.