11 mortos e a "maior situação de calamidade em 40 anos"
O vice-primeiro-ministro de Timor-Leste, José Reis, considerou este domingo que o país enfrenta a maior situação de calamidade dos últimos 40 anos, devido às fortes chuvas que causaram inundações e provocaram pelo menos 11 mortos.
"Timor-Leste, principalmente a capital Díli, enfrenta uma situação de calamidade, a maior dos últimos 40 anos (senão mais), devido às fortes chuvas que causaram inundações, levando as casas da população e algumas vidas", disse José Reis em comunicado, sem especificar a situação anterior de calamidade no país, que esteve sob ocupação indonésia entre 1975 e 1999.
José Reis, que é também ministro do Plano e Ordenamento, adiantou que as autoridades estão a preparar um relatório com dados oficiais que serão divulgados em breve.O Governo convocou uma reunião de urgência da Comissão Interministerial para a Proteção Civil e Desastres Naturais para segunda-feira de manhã.
José Reis adiantou que o Governo já ativou os mecanismos para responder de forma rápida, em especial às populações mais afetadas.
José Reis considerou ainda que as infraestruturas existentes, construídas na última década, "não estão preparadas nem são adequadas para aguentarem" as situações climáticas que o país enfrenta regularmente: "É claro, mais uma vez, que o Governo precisa investir fortemente no Plano e Ordenamento, de forma a serem um guião para a construção de infraestruturas adequadas e resilientes", disse, adiantando que esta situação de calamidade é mais uma batalha a acrescentar à luta contra a pandemia de covid-19.
Face à previsão da meteorologia de continuidade das chuvas, José Reis apelou para a colaboração de todos e assegurou que o Governo continuará a fazer todos esforços para ultrapassar a situação de calamidade.
O primeiro-ministro António Costa escreveu, entretanto, uma mensagem na rede social Twitter, garantindo que Portugal "apoiará os esforços para fazer face à devastação". "Acompanho com consternação os relatos da perda de vidas e da destruição provocadas pelas cheias em Timor-Leste. Portugal está solidário com o povo timorense, como sempre", escreve o líder do Executivo.
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As cheias que atingiram hoje grande parte da cidade de Díli provocaram pelo menos 11 mortos, segundo um balanço provisório da Proteção Civil.
Responsáveis do Governo e das várias estruturas de emergência estiveram reunidos de urgência no Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) para analisar os danos causados pelas cheias, que arrastaram casas, destruíram estradas e várias outras estruturas.
Entre as prioridades definidas está o apoio à evacuação das zonas mais afetadas e ao realojamento de centenas de famílias afetadas pelas inundações em vários pontos da cidade. As prioridades passam igualmente pelo apoio humanitário de emergência a todas as vítimas e pelas operações de limpeza e recuperação de infraestruturas danificadas.
Entre os locais mais afetados contam-se o Centro de Isolamento de Vera Cruz, onde estão três doentes considerados moderados e um doente considerado grave, e que tiveram de ser realojados no Hospital de Lahane, devido às inundações.
Registaram-se ainda inundações no Laboratório Nacional e no centro de isolamento de Tasi Tolu, bem como no Serviço Autónomo de Medicamentos e Equipamentos de Saúde (SAMES), a farmácia central timorense.
No caso das pessoas infetadas com covid-19 que estão em Tasi Tolu, as autoridades estão a tentar identificar outros locais onde possam ser alojadas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, manifestou na manhã deste domingo a solidariedade e o apoio de Portugal a Timor.
Em declarações à agência Lusa, Augusto Santos Silva referiu que falou hoje com o embaixador de Portugal em Díli e com a ministra dos Negócios Estrangeiros timorense, que lhe transmitiram que "as inundações são violentíssimas" - "Ambos disseram que nunca nas respetivas vidas tinham visto chover com esta intensidade e violência".
Augusto Santos Silva lamentou "profundamente" as mortes registadas na população de Timor-Leste, a quem exprimiu a solidariedade de Portugal.
"Há registo de muitos danos materiais, não há registo de nenhum dano pessoal entre a comunidade portuguesa. De qualquer forma, ainda é preciso apurar os danos materiais", disse.
Os danos materiais são "muito evidentes e visíveis em Timor-Leste", disse o ministro, acrescentando: "Ofereci a solidariedade portuguesa e o apoio português às autoridades de Timor-Leste durante a minha conversa com a ministra dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste e trabalharemos para esse fim nos próximos dias".
A ajuda de Portugal deverá passar pelo programa de cooperação que Portugal tem com Timor-Leste.
"Já pedi aos serviços para estarem alerta, porque certamente nos próximos dias haverá pedidos de apoio, alguns de emergência, outros de reconstrução. Vamos esperar agora", disse.