10% dos empregadores preveem contratar mais
Os empresários estão mais otimistas quanto às intenções de contratação de novos trabalhadores no terceiro trimestre do ano. O Employment Outlook Survey do Manpower Group para o período de julho a setembro indica que 10% dos empresários prevê reforçar as contratações, enquanto 2% aponta para um decréscimo no recrutamento. A projeção de criação líquida de emprego ficou assim em mais 8%. Trata-se de um aumento de seis pontos percentuais (p.p.) face ao inquérito do trimestre anterior, e de 17 p.p. face ao terceiro trimestre do ano passado. O estudo foi realizado com base num inquérito a uma amostra representativa de 552 empregadores em Portugal.
"Assistimos assim a uma acentuada melhoria nas intenções de contratação", afirma Rui Teixeira, diretor-geral de operações do ManpowerGroup em Portugal. "Os avanços no plano de vacinação e a gradual abertura de empresas e atividades económicas são, sem dúvida, elementos que nos permitem explicar o maior otimismo dos empregadores. Não sendo naturalmente alheios também os números e a conjuntura dos nossos principais parceiros económicos. O desconfinamento a que assistimos nos outros mercados europeus, com a melhoria dos indicadores económicos e de consumo, fomentam também a nossa atividade ", explica o responsável.
Todos os setores de atividade contemplados no inquérito apontam para um reforço de trabalhadores - comércio grossista e retalhista, construção, indústria, restauração e hotelaria e finanças e serviços - mas é neste último que o aumento é mais expressivo, de mais 15%. "Este cenário já se verificava nos resultados do estudo para o 2º trimestre de 2021, traduzindo o menor impacto das medidas de confinamento na atividade deste setor e uma maior agilidade na resposta ao aumento da procura. Também a crescente atração de Portugal como mercado destino para centros de serviços partilhados em nearshoring, por parte de empresas que procuram agora uma maior resiliência na sua cadeia de abastecimento, é um elemento a ponderar positivamente na evolução que observamos", diz Rui Teixeira. A indústria e agricultura são dos setores com maiores intenções de contratação (+8%), assim como o setor público, com uma projeção de mais 7%. A seguir surge a construção (+6%).
O setor da restauração e hotelaria, cuja projeção líquida de criação de emprego é de mais 4%, é o que mais progride face às perspetivas de contratação no mesmo período do ano passado (40 p.p.).
No comércio grossista e retalhista as empresas preveem uma criação líquida de emprego de mais 2%. "Este é um sinal de esperança num dos setores que se viu em grande medida encerrado devido à covid-19 e que agora retoma cada vez mais à normalidade", sublinha Rui Teixeira.
Prevê-se um aumento da força de trabalho em todas as regiões do país, sendo que o Norte e Sul apresentam-se mais otimistas, com perspetivas de criação de emprego de mais 10%. "A Sul, é inegável o impacto da época sazonal e um maior otimismo quanto ao turismo, tanto nacional como internacional", diz o diretor-geral de operações da ManpowerGroup, ressalvando, no entanto, que o inquérito foi feito antes da decisão do Reino Unido de retirar Portugal da lista de países seguro. "É expectável que estas previsões de contratação, de finais de abril, se revelem agora excessivamente otimistas, dado o peso deste mercado na atividade deste setor".
Quando se olha para a dimensão das empresas, são as de média dimensão que preveem contratar mais (+12%). "É positivo observar que as médias empresas, que correspondem à maior parte do tecido empresarial nacional, são as que esperam um aumento mais notório dos níveis de contratação, quando comparadas com o período homólogo do ano anterior: uma subida de 30 pontos percentuais, traduzindo assim a abrangência do movimento de recuperação económica", frisa Rui Teixeira.
A recuperação do mercado de trabalho, diz, está a decorrer a duas velocidades. "A pandemia está a potenciar a digitalização e a digitalização, por sua vez, está a gerar mais emprego". No entanto, "esta nova vaga de empregos que está a ser criada exige um conjunto de skills que não detêm muitos daqueles que se viram afetados pela perda de emprego ou rendimentos, nos setores da restauração e Hotelaria". Por isso, defende, "o grande desafio dos planos de recuperação pós-pandemia é corrigir este desequilíbrio, ajudando as pessoas a transitar para funções com maior procura, e apostar no seu upskilling e reskilling para fomentar a sua empregabilidade".