10 anos de .PT

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Nas últimas décadas do século XX, quando comecei a entrar no mundo digital, a internet era algo muito rudimentar, associado ao mundo militar e à academia. Jurista de formação, com gosto pelo digital e pela gestão de pessoas já naquela época, tive a honra de fazer parte da Missão para a Sociedade da Informação, pensada e criada pelo visionário José Mariano Gago.

Quando fui convidada para a Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), para gerir o domínio de topo de Portugal na internet, já em novembro de 2000, tinha acabado de ser criado o serviço de registo de domínios .pt, o DNS.PT. À data, eram cerca de oito mil os domínios registados.

Depois chegou o boom da internet. Muitas empresas queriam uma presença online. Importava profissionalizar o serviço, ter um atendimento eficaz. Passámos a usar um contact center, em 2001, e a figura de agente de registos (registrars), em 2003. A partir de 2006, reduzimos preços, criámos uma imagem apelativa e fizemos um enorme trabalho técnico para liberalizar o domínio .pt. A certa altura, percebemos que estava na altura de fazer o que outros países faziam: tornar independente a entidade gestora deste domínio e fazê-la operar sem fins lucrativos, na defesa de uma internet livre, aberta, transparente, democrática e multistakeholder.

Assim nasceu, em 2013, a Associação DNS.PT, pela mão da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, a DECO, e da Associação da Economia Digital, ACEPI. Definimos um modelo inclusivo e participativo, que representasse os vários intervenientes da comunidade da internet, fosse sustentável com as receitas do registo e gestão dos nomes de domínio e, ao mesmo tempo, mantivesse a autonomia e imparcialidade necessárias para fazer convergir vários interesses distintos.

De 2013 para cá, transformámos esta associação em .PT, com letra maiúscula. Destacámo-nos na cibersegurança, com a criação do nosso próprio Centro de Operações e Segurança. Estivemos presentes em grandes eventos do país, como a Volta a Portugal em Bicicleta ou o Estoril Open. Tivemos um olhar atento para as empresas e organizações, com iniciativas como o ComercioDigital.pt e a Coligação Portuguesa para a Empregabilidade Digital. Fomos socialmente responsáveis e apoiámos causas como a da Liga Portuguesa contra o Cancro ou do Banco Alimentar. E ajudámos a criar pontes entre os vários atores da internet em Portugal e no estrangeiro, com a criação da LusNIC e a adesão ao Movimento pela Utilização Digital Ativa. Fomos parte ativa e impulsionadora da Iniciativa de Desenvolvimento das Competências Digitais dos portugueses e das portuguesas - INCoDe.2030. Trabalhámos em prol da Igualdade de Género nas TIC. Mais recentemente, fomos ainda distinguidos no Prémio Nacional de Sustentabilidade, por boas práticas ao nível da saúde e da garantia de bem-estar dos nossos colaboradores.

Para mim (este é o meu testemunho, mas somos muitas e muitos mais), que conheci o domínio nacional com oito mil registos, foi uma honra celebrar em 2018 o milhão e vê-lo chegar aos quase 1,7 milhões atualmente. Foram 10 anos de grandes riscos e desafios, mas sobretudo de muitos sucessos. E a cereja no topo deste bolo de aniversário é, sem dúvida, ver o .pt tornar-se no domínio de topo de país (ccTLD) que mais cresce na Europa, estar em 20º lugar em termos mundiais e saber que o .PT enquanto organização é muito maior que a soma de todos nós.

Hoje, ao 10º aniversário, sei que somos uma verdadeira casa da internet em Portugal. Com uma sede própria, o Barra Barra, pronta para receber muitos mais parceiros, eventos, projetos inovadores e marcas de uma história que contará muito mais feitos. A todos e todas que se juntaram a nós ao longo da última década, o nosso agradecimento. E aos que ainda não o fizeram, o nosso convite para que façam deste .pt o ponto de partida para muito mais história na internet em Portugal.

Somos cada vez mais .PT

Presidente do Conselho Diretivo do .PT

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