Crónica da final 2006/07: Liedson desfaz teoria do quase

<b>Sporting-Belenenses, 1-0.</b> Uma hesitação de Jorge Jesus ajudou Miguel Veloso a encontrar o espaço e o 'levezinho' a decidir uma final que "salva" a época leonina e permite a Paulo Bento eliminar a "maldição" José Peseiro.<br />
Publicado a
Atualizado a

Paulo Bento já não poderá ser comparado a José Peseiro como o "treinador do quase" depois de ontem ter vencido a Taça de Portugal pela quarta vez, a primeira como treinador. Um golo do inevitável Liedson, aos 87', permitiu ao Sporting derrotar o Belenenses e assim recompensar os adeptos inconsoláveis pela perda do campeonato na última jornada e pela saída do capitão Custódio. Assim que se viu em vantagem, Bento deu ordens para se proceder à substituição "olímpica", fazendo entrar Custódio para o lugar de Romagnoli com uma intenção clara, ou seja, proporcionar uma despedida condigna a um dos seus jogadores predilectos mas já com o visto de entrada no Dínamo de Moscovo.

Lesto a decretar a terceira substituição, Paulo Bento também aí ganhou claramente a corrida a Jorge Jesus, que durante três fatais minutos pensou e tornou a pensar no homem que haveria de substituir o esgotado Amaral e quando se decidiu já o adversário marcara aproveitando de forma nítida a ausência do lateral-direito. Amaral estava a ser assistido fora das quatro linhas quando Miguel Veloso aproveitou o facto de ter pela frente um adaptado Cândido Costa e descobriu o goleador Liedson. O "levezinho", como é costume, não perdoou e ofereceu a Taça a uma equipa que não teve culpa de estar a jogar no período decisivo contra 10. Esta é a 14.ª Taça dos leões, que ultrapassaram o FC Porto no ranking deste troféu. A última vez que o Sporting fizera a festa no Jamor foi há cinco anos atrás, então sob o comando técnico do Bölöni, frente ao Leixões.

O Belenenses, globalmente, até se comportou de forma apreciável do ponto de vista defensivo, com destaque para as exibições de Rolando (só falhou no golo…) e Rodrigo Alvim, a dupla de maior rendimento num modelo de 4x4x2 idealizado por Jorge Jesus e que visou equilibrar os acontecimentos a meio-campo. Abdicando de Garcês no onze inicial, o técnico azul também apresentou uma intermediária em losango (Sandro como pivô defensivo, Cândido Costa como interior-direito e Ruben Amorim como interior-esquerdo), com Zé Pedro a jogar na posição 10 e a revelar grandes preocupações com as movimentações de Miguel Veloso. Ou seja, face a um Sporting que repetiu o onze do triunfo de há uma semana em Alvalade (os de Belém apresentaram cinco novidades comparativamente ao derradeiro jogo da Liga), o conjunto de Jesus pretendia encostar o opositor atrás, neutralizando Veloso e acautelando com um 4x2x3x1 as subidas de Abel e Tello.

É verdade que se não fosse Costinha (defesas de vulto aos 30', 37', 53', 63' e 70'), o resultado podia ser mais volumoso, mas também é importante sublinhar que Silas (38') e Dady (61') obrigaram Ricardo a mostrar-se numa final cujo desfecho foi antecipado pelos cabelos loiros de Polga e Liedson. Os dois adivinharam um triunfo que encheu de contentamento uma tribuna VIP com Hermínio Loureiro, Jorge Sampaio e Carlos Queiroz, o treinador que em 1995 também ganhou uma Taça pelo Sporting e que ontem deve ter apreciado os problemas que Nani colocou ao pobre Amaral…

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt