"O controlo protege os refugiados"
Os refugiados acolhidos em Portugal devem ser alvo de vigilância por parte das autoridades de segurança?
Devem, por duas razões. A primeira é que a vigilância sobre as comunidades de deslocados não tem nada de errado. São atos de prevenção que todos os Estados tomam em relação a qualquer pessoa deslocada. Portanto é normal que os refugiados sejam sujeitos a medidas de controlo como qualquer outro cidadão. Em segundo lugar porque os refugiados podem eles próprios beneficiar com esta vigilância, no sentido de evitar eventuais tentativas de infiltração de elementos radicalizados que possam perturbar aquilo que é, globalmente, o bom nome dos refugiados. Este controlo protege-os.
Há risco de radicalização de refugiados que não se integrem na sociedade? O que deve ser feito para prevenir?
Não está provado que o risco de radicalização de um refugiado seja superior a outras comunidades em geral. Agora é evidente que é preciso ter em consideração as estratégias e os planos de combate à radicalização. Isso passa por uma comunicação mais próxima das comunidades e contactos com os seus líderes, para prevenir que qualquer organização, no caso terrorista, possa aproveitar alguma fragilidade e infiltrar-se para radicalizar gente. Essas estratégias e planos devem ser colocadas em execução desde o primeiro momento para prevenir problemas futuros.
O aumento do número de refugiados em Portugal faz crescer o risco de segurança?
Considero que não é fator acrescido de risco, desde que sejam estudados, aprovados e implementadas medidas de controlo e combate à radicalização. Os refugiados devem sentir-se respeitados e integrados como qualquer cidadão. Em 1999 recebemos 2000 kosovares, a maioria muçulmanos, que fugiram da guerra dos Balcãs. A Proteção Civil, que eu presidia na altura, liderou o processo e podemos dizer que foi positivo.