Mourinho frente ao Chelsea: "É só um jogo" mas carregado de pressão
"É só um jogo", "não vejo qualquer problema entre nós": José Mourinho e Antonio Conte bem tentaram diminuir a carga emocional em torno do Manchester United-Chelsea, mas a pressão está lá toda. O duelo de hoje (16.00, Sport TV3) não é apenas mais um reencontro entre o treinador português e o seu ex-clube, propício a episódios tensos na zona entre os dois bancos de suplentes: pode também marcar o tom para o resto da época de blues e red devils.
O prato forte da 33.ª jornada da Premier League é mesmo a partida de Olf Trafford. O Manchester United não pode deslizar, para manter esperanças de chegar ao top 4 e a uma vaga de Liga dos Campeões, via campeonato (a alternativa é vencer a Liga Europa); e o líder Chelsea enfrenta a última deslocação de risco máximo, a precisar de pontuar para manter um avanço confortável sobre o Tottenham. Ontem, os spurs encurtaram a distância para quatro pontos, após golearem o Bournemouth, por 4-0 (golos de Moussa Dembele, Son Heung-Min, Harry Kane e Vincent Janssen).
No entanto, há mais em jogo, a começar pelo orgulho do Manchester United - que só venceu um dos seis encontros em casa, neste ano, para a liga inglesa, e não ganha ao Chelsea, para qualquer competição, desde 2012 - e de José Mourinho, que há muito tempo seguem afastados da ribalta. O técnico português ainda não conseguiu bater os blues desde que assumiu o comando dos rivais red devils.
Os reencontros anteriores (derrotas em Stamford Bridge, por 4-0 e 1-0, para campeonato e Taça de Inglaterra, respetivamente) foram penosos para o setubalense, outrora idolatrado pelos adeptos londrinos. Acusado de traição, por ter assinado pelo United meio ano após ter sido despedido do Chelsea, Mourinho ouviu insultos das bancadas e ripostou: "Podem chamar-me o que quiserem. Sou um profissional e defendo o meu clube. Até terem um treinador que vença quatro campeonatos [ele ganhou três], o "Judas" continua a ser o número um." No entanto, agora, prefere afastar a carga emotiva. "Vocês falam de emoção... Para mim, é só um jogo, é apenas mais um jogo. Não me faz qualquer diferença, de todo", sublinhou, na antevisão da partida.
Ao lume do reencontro junta-se o sal do confronto entre Mourinho e o homólogo do Chelsea, Antonio Conte, que viveram momentos de tensão nas duas últimas partidas. Após o 4-0, em outubro, o português acusou o italiano de descontrolo emocional, por ter "celebrado como uma criança" os golos da equipa londrina. E durante o jogo da Taça de Inglaterra, em março, entraram ambos numa acesa discussão junto à linha lateral: teve de ser o quarto árbitro a separar os dois técnicos.
Contudo, agora o italiano também prefere esvaziar a polémica. "Não vejo qualquer problema... É apenas um conflito desportivo: ele quer que a equipa dele vença, eu quero que ganhe a minha", disse o treinador italiano, na antevisão da partida. "Mourinho ganhou muito neste clube, o clube sempre mostrou grande respeito por isso, e eu tenho grande respeito pela sua história", frisou. Com maior ou menor diplomacia, o braço-de-ferro continua nesta tarde.