Facebook já custou aos gigantes da internet 250 mil milhões

Twitter, Netflix, Alphabet (Google), Apple, Amazon e Microsoft estão em queda na bolsa por causa do Facebook. Trump coloca Amazon sob pressão e Tesla também está a "sofrer"
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Perder, perder, perder. Todos os gigantes da internet estão a cair em bolsa após a crise do Facebook. A rede social, que está a tentar gerir a crise desencadeada pela fuga dos dados de 50 milhões de utilizadores, usados indevidamente pela Cambridge Analytica, já perdeu perto de 20% do seu valor (77 mil milhões de euros) desde o início do escândalo, há duas semanas.

Apesar de uma pequena recuperação ontem em bolsa, depois de terem sido anunciadas novas medidas para tornar o acesso aos menus de privacidade mais simples, a crise em torno da gigante da tecnologia liderada por Mark Zuckerberg, que já perdeu mais de oito mil milhões do valor da sua fortuna, tem contagiado todo o setor que trabalha com dados pessoais de utilizadores.

Em causa está o receio dos investidores de que os governos e legisladores dos dois lados do Atlântico respondam ao escândalo com novas regras, mais restritivas, e que poderão mudar o negócio de quem trabalha com a chamada big data, os enormes volumes de dados pessoais dos utilizadores.

Os investidores carregaram no botão de venda das ações das tecnológicas. As fortes perdas têm estado a afetar, sobretudo, empresas como Twitter, Netflix, Alphabet (Google), Apple, Amazon e Microsoft. No seu conjunto, já perderam cerca de 257 mil milhões de euros, em relação ao valor registado a 16 de março. O Twitter tem sido dos mais afetados, com uma descida que chegou aos 12%.

Nos Estados Unidos, o setor tecnológico presente no índice S&P 500 está a atravessar o que parece uma tempestade perfeita, ao contrário do que se viu no ano passado. O caso da Amazon envolve impostos e o presidente norte-americano. Primeiro foi uma reportagem de quarta-feira do site Axios a garantir que Donald Trump vai mesmo aumentar impostos à empresa de Jeff Bezos. Ontem de manhã, Trump usou o Twitter para confirmar as suspeitas: "Ao contrário de outros, eles [Amazon] pagam poucos ou nenhuns impostos, usam o nosso sistema postal como o seu moço de entregas (causando perdas enormes) e estão a pôr milhares de retalhistas na falência!"

Neste contexto, o Canadá também estará a ponderar um imposto sobre as vendas locais da Amazon e também da Netflix. Resultado? Ambos as empresas perderam 4% do seu valor de mercado; a fortuna de Jeff Bezos vale agora menos 4,3 mil milhões de euros, ficando-se pelos 97,4 mil milhões.

Carros autónomos em queda

Os carros autónomos têm tudo para vingar no futuro próximo, mas o acidente que vitimou um pedestre no Arizona (EUA) há duas semanas criou problemas para algumas empresas cotadas em bolsa. A Nvidia, que tem centrado nos últimos tempos as suas operações na inteligência artificial e na tecnologia dos carros autónomos, sofreu em bolsa com o acidente do veículo da Uber. O caso até piorou quando o Estado do Arizona proibiu os testes de carros autónomos. Ontem, a Nvidia anunciou que o veículo em causa não tinha os seus chips, o que deu fôlego à empresa sediada na Califórnia.

Já a Tesla (que usa chips da Nvidia na tecnologia de automação) tem sofrido em bolsa com um problema acrescido. Um acidente com um Model X, que seguia em modo autónomo, na sexta-feira, vitimou o condutor depois de as baterias terem, alegadamente, pegado fogo. Desde então a companhia de Elon Musk (que já perdeu 1,5 mil milhões de euros em valor desde o início do ano) tem tido quedas de 6% e 7,7% em bolsa.

Os investidores temem que os acidentes mortais atrasem os projetos de condução autónoma. No caso da Tesla, o caso é pior porque a empresa tem tido problemas para cumprir com entregas do novo modelo Model 3 e a agência de notação financeira Moody"s cortou, entretanto, o rating da empresa para um B3.

A Google, que tem a sua divisão de carros autónomos Waymo, anunciou que vai manter os planos de lançar um serviço comercial de táxi-robô em Phoenix durante 2018. A Waymo planeia encomendar 20 mil carros de luxo, elétricos e autónomos, à Jaguar Land Rover. O objetivo da Waymo e da Jaguar é produzir um SUV autónomo em conjunto até 2020.

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