Clérigo Muqtada Al-Sadr diz que "a crise acabou" após discurso de Trump
"Uma chapada na cara" dos Estados Unidos. Foi assim que o líder supremo do Irão classificou o ataque na noite de terça-feira a duas bases militares no Iraque com tropas norte-americanas. Perante uma multidão em Qoms que gritava "Morte à América" e "Morte a Israel", Ali Khamenei afirmou que os militares dos EUA devem deixar a região e que esta ação militar contra as bases militares não é suficiente para vingar a morte do comandante da força de elite Al-Quds, Qasem Soleimani, ordenada pelo presidente dos EUA. Donald já reagiu ao ataque, negando ter havido qualquer baixa americana ou iraquiana. Garantindo que "o Irão não terá a arma nuclear" enquanto ele for presidente, Trump acrescentou que Terrão parece "estar a recuar" e garantiu que os EUA "estão prontos para abraçar a paz com todos os que a procuram".
Duas bases com militares norte-americanos no Iraque foram atacadas na madrugada desta quarta-feira com vários mísseis, confirmou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América. Os mísseis balísticos, lançados pelo Irão que já confirmou a autoria como retaliação pela morte do general Soleimani, atingiram as bases de Al Assad e Erbil.
A televisão estatal iraniana avançou que 80 "terroristas americanos" foram mortos no ataque. A mesma fonte adianta que nenhum dos mísseis foi intercetado e que o Irão tem na mira outros 100 alvos caso os Estados Unidos decidam avançar com medidas de retaliação. Por outro lado, o presidente dos EUA, Donald Trump, diz que "está tudo bem", numa publicação no Twitter, mas que está a avaliar os danos.
De acordo com uma fonte da Guarda Revolucionária do Irão, citada pela televisão estatal, helicópteros e equipamentos militares foram "severamente danificados".
A autoridade federal norte-americana para a aviação (FAA) proibiu aviões e pilotos comerciais norte-americanos de voarem sobre áreas do Iraque, Irão, do Golfo Pérsico e do Golfo de Omã.
Fonte militar iraquiana disse à CNN que haveria "baixas entre militares iraquianos" sem precisar se são feridos ou vítimas mortais nem o número, mas mais tarde o Pentágono adiantou não existirem registo de quaisquer vítimas mortais. As bases em causa albergam militares iraquianos, norte-americanos e de outros países da coligação internacional como é o caso da Dinamarca.
O The New York Times refere que militares iraquianos indicam que o Irão disparou 22 mísseis no ataque às duas bases militares, onde estão posicionadas tropas norte-americanas. De acordo com o jornal, Donald Trump reuniu-se na Casa Branca com os seus principais conselheiros de segurança nacional para discutir possíveis opções de retaliação aos ataques do Irão. Na reunião terão estado o secretário de Defesa Mar T. Esper e o general Mark A. Milley, chefe do estado-maior general das forças armadas norte-americanas
O presidente Donald Trump acompanhou os ataques às bases militares na Casa Branca, onde a segurança foi elevada para o nível máximo. Mas o presidente ainda não reagiu oficialmente e só o deve fazer durante o dia desta quarta-feira. Colocou apenas uma mensagem no Twitter em que afirma que "está tudo bem", que houve um ataque com mísseis e que os danos estão a ser avaliados. "Temos o exército mais poderoso e mais bem equipado em qualquer parte do mundo."
Para já há uma reação oficial da Defesa. "Está claro que estes mísseis foram lançados do Irão e atingiram pelo menos duas bases militares iraquianas que alojam militares dos EUA em Al-Assad e Erbil", disse Jonathan Hoffman, assistente do Secretário de Defesa, em comunicado divulgado pouco depois de se conhecerem os ataques.
"Estamos a trabalhar nas avaliações iniciais dos danos", acrescentou.
Pela aplicação de conversação Telegram ou através da agência iraniana Tasmin, a Guarda Revolucionária Iraniana disse que se os Estados Unidos responderem, haverá novos ataques e serão em solo americano e israelita, aqui fala em Haifa e em ação através do Hezzbolah. Ameaçou ainda o Dubai nos Emiratos Árabes Unidos, onde os EUA têm militares estacionados e de onde pode surgir uma resposta a esta ofensiva iraniana.
"A vingança feroz da Guarda Revolucionária começou", afirmou esta força em comunicado através da aplicação Telegram.
A agência de notícias do Irão Fars News publicou vídeos no Twitter do que foi, aparentemente, o lançamento de mísseis contra as bases norte-americanas.
A estação iraniana Press TV descreveu esta ação, com mísseis terra-terra, como uma operação de vingança na sequência da morte do general iraniano Qassem Soleimani.
O principal negociador da questão nuclear pelo Irão colocou no Twiiter uma bandeira do Irão, no que parece ser uma resposta a Trump que publicou a bandeira dos EUA após o assassinato de Soleimani,
Apesar do ataque e das últimas ameaças, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, veio já afirmar que Teerão "não pretende um agravamento da guerra, mas que se vai defender de qualquer agressão".
Através da rede social Twitter, o ministro classificou o ataque com mísseis balísticos a bases iraquianas com militares norte-americanos como "medidas proporcionais de autodefesa".
A base aérea de Ain Assad foi a primeira base utilizada pelos forças militares norte-americanas após a invasão do Iraque em 2003 destinada a derrubar Saddam Hussein.
As forças dos EUA permaneceram estacionadas no local quando foi desencadeado o combate no Iraque e na Síria contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
A televisão estatal iraniana referiu que esta operação militar foi designada "Mártir Soleimani". Indicou ainda que a divisão aeroespacial dos Guardas da Revolução, que controla o programa de mísseis iranianos, desencadeou o ataque. O Irão referiu que vai disponibilizar posteriormente mais informações.
Numa primeira reação, a porta-voz de Trump confirmou que os militares norte-americanos tinham sido alvo de ataque.
"Estamos cientes dos relatos de ataques às instalações dos EUA no Iraque. O presidente foi informado e está a monitorizar a situação de perto com a sua equipa de segurança nacional", disse a porta-voz da Casa Branca Stephanie Grisham.
Segundo a CNN, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, também foi informada dos ataques pelo vice-presidente Mike Pence. Pelosi recorreu ao Twitter para adiantar que está a seguir a situação e diz que a América não pode entrar em guerra.
A Press TV, televisão do Irão, informou que "o Corpo da Guarda da Revolução Islâmica (IRGC) atacou a base aérea americana de Ain al-Asad na província de Anbar, no oeste do Iraque. Disse ainda que o ataque ocorre "após uma promessa de retaliar o assassinato do principal comandante iraniano, general Qassem Soleimani".
"Dezenas de mísseis" foram disparados, assegura a Press TV, que depois acrescentou que base de Erbil também foi um alvo.
O Reino Unido já reagiu ao condenar os ataques "às bases militares iraquianas que albergam as forças da coligação, incluindo as britânicas", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab. "Instamos o Irão a evitar repetir ataques imprudentes e perigosos como este e, em vez disso, procurar, com urgência, inverter esta escalada de violência", acrescentou.
"O governo alemão condena veementemente esta agressão", afirmou o ministro da Defesa Annegret Kramp-Karrenbauer à estação de televisão ARD, onde pediu contenção aos iranianos no conflito com os EUA.
O general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, capital do Iraque, ordenado pelo Presidente dos EUA, Donald Trump. O Irão prometeu que iria haver uma reação e o ataque desta madrugada reflete esse anúncio.