'Ubu(s)'
Ricardo Pais, director do Teatro Nacional de São João, irrompe pelo universo de Alfred Jarry (1873-1907), reinventando a gesta do Rei Ubo (Luísa Costa Gomes traduziu as várias peças do ciclo). Será curioso observar como o mais iconoclasta e surpreendente dos encenadores portugueses lida com um conjunto de peças nas quais, a partir de 1896, o dramaturgo francês investiu contra o convencionalismo naturalista que vinham tornando inútil a força expressiva do acto teatral. Ricardo Pais promete-nos uma "curtição-revisitação" do alucinado universo de Jarry que, num "acto de variedades musical", questione todos os clichés.
Teatro Carlos Alberto, de terça a sábado, às 21.30; domingo, às 1600. Até 7 de Maio (marcações: 223 401 910).
Depois duma excelente encenação d'O Fim de António Patrício, Nuno Nunes regressa à dramaturgia portuguesa da segunda metade o século XX, com a estreia, no Teatro da Trindade, da sua leitura das Três Máscaras de José Régio. A intriga desenrola-se num baile de máscaras de segunda-feira de Carnaval, em torno dos equívocos jogos de sedução com que Pierrot e Mefistófeles tentam cativar Columbina. Entre "o amor como expressão dum teatro" e "o teatro como expressão do amor", o jovem encenador desafia-nos a recuperar a sofisticada teia de enganos que se tece nesta peça de 1940.
Teatro da Trindade,de quarta a sábado, às 22.00; domingo, às 17.00 (marcações 213 420 000). Até 8 de Maio.
Luís Castro apresenta no espaço Karnart a segunda das tragédias rurais de Federico García Lorca. Nesta viagem ao universo feminino, que situou na Andaluzia, o dramaturgo espanhol recuperou um modelo teatral clássico, que pretendeu simples e sóbrio. O confronto desta intenção com a linha estética que o encenador vem desenvolvendo - a perfinst (performance + instalação) - confere especial interesse a um diálogo de linguagens onde se explora a frustração individual das personagens e os preconceitos sociais que abafam as suas vivências amorosas.
Espaço Karnart, de quarta a domingo, às 22.00 (marcações 213 152 192).
Uma nova obra de Tiago Guedes, onde se retoma a manipulação e recepção das várias imagens que sucedem numa proposta coreográfica. Partilhando o palco com Inês Jacques e Martim Pedroso, o jovem coreógrafo centra-se na oposição entre as noções de "tema" e "variações" para prosseguir a sua investigação em torno da memória "física" da arte, esforço que vem desenvolvendo com assinalável êxito nacional e internacional.
Culturgest, quinta, sexta e sábado, às 21.30 (marcações 217 905 155).
A Companhia de Teatro de Almada apresenta em Portugal um texto de Nick Dear. Nesta peça de 2003, unanimemente aclamada pela crítica inglesa, o dramaturgo britânico reinventa as manobras desastradas que conduziram Fouquet, ministro do rei francês Luís XIV, à ruína pessoal e política. Um contexto histórico distante permite que se explorem os corrosivos efeitos do exercício do poder e a duvidosa eficácia da justiça dos vencedores. Uma encenação de Joaquim Benite, que conta com as interpretações de Teresa Gafeira, Rui Neto, Bruno Martins, Marques D'Arede, Joana Fartaria e Francisco Costa.
Teatro Municipal de Almada, de quarta a sábado, às 21.30, domingo, às 16.00. Até 22 de Maio (marcações 212 752 175).
O Teatro da Cornucópia regressa a Bertolt Brecht com a peça Um Homem é um Homem, "interrompida" pelo entremez A Cria do Elefante. Entre a alucinação expressionista e a militância épica, Luís Miguel Cintra propõe-se rever hoje uma linguagem estética que refundou o teatro contemporâneo, mas que a passagem do tempo tornou necessariamente questionável. O cenário e figurinos são assinados, como habitualmente, por Cristina Reis.
Teatro do Bairro Alto, de terça a sábado, às 21.00, domingo, às 16.00. Até 22 de Maio (marcações 213 961 515).