'Reforma agrária' deixa Zimbabwe mais pobre

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O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, ordenou, no dia 28 de Fevereiro de 2000, o início da invasão das propriedades da minoria branca. O Chefe de Estado considerava que esta "reforma agrária" servia para "corrigir as injustiças" da colonização britânica. Cinco anos depois, a agricultura do país continua à beira da ruína.

Quando chegou ao poder, em 1980, Mugabe prometeu entregar a terra aos negros. Mas no início de 2000, 70% dos solos mais férteis da antiga Rodésia do Sul pertenciam aos brancos, na sua maioria descendentes dos colonizadores britânicos. Aos negros cabiam as terras áridas e pouco produtivas.

A situação alterou-se em Fevereiro de 2000, quando um projecto de Constituição que visava reforçar os poderes do Presidente e autorizar a expropriação dos agricultores brancos foi rejeitado em referendo. Mugabe ignorou a vontade popular e, duas semanas mais tarde, lançou os seus apoiantes, liderados por ex-combatentes da guerra da independência (1972-1979), ao assalto das propriedades dos brancos.

Começou assim a "reforma agrária" que, nos meses seguintes, se traduziu na ocupação de milhares de propriedades. Dez agricultores brancos foram mortos, milhares de camponeses negros, acusados de lealdade para com os patrões brancos, foram agredidos, centenas de habitações foram queimadas, culturas destruídas e animais abatidos.

Os brancos foram expropriados sem qualquer indemnização e as suas terras distribuídas a elementos próximos do regime. A reforma agrária terminou no final de 2003, com os brancos na posse de apenas seis por cento da terra. A maior parte dos proprietários brancos exilou-se em Moçambique, na Zâmbia ou no Senegal. Apenas 600 permaneceram no Zimbabwe, onde continuam a lutar para provar a ilegalidade da expropriação.

Apresentada pelo Executivo como um sucesso, a reforma, agravada por secas sucessivas, deixou a agricultura à beira da ruína. A produção agrícola baixou cerca de 20% e mais de metade dos habitantes depende de ajuda alimentar governamental ou internacional para sobreviver. O próprio Governo reconheceu que, em 2004, menos de um quarto das terras foram cultivadas.

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