'Piquete' pró-vida convenceu 14 mulheres a não abortar

Grupo junta-se desde 2008 à porta  da Clínica dos Arcos, em Lisboa, para rezar o terço e tentar demover as mulheres de abortar
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"Esta semana já salvámos mais dois bebés." Antes da oração do terço foi esta a boa notícia que fez sorrir os voluntários do grupo Mãos Erguidas. Desde 2008 que estes missionários se juntam à porta da Clínica dos Arcos, em Lisboa, para rezar e demover as mulheres de abortarem. Durante este tempo dizem já ter convencido 14 mulheres a desistir. "Pelo menos que a gente saiba, mas podem ser mais", adianta Manuela Gonçalves, uma das oradoras.

"Começámos na rua, à porta da clínica e não tínhamos uma casa. Agora já temos um espaço para conversar com as mulheres e para rezar", refere Leonor Ribeiro e Castro, fundadora da Missão Mãos Erguidas, cuja sede é em frente à clínica espanhola. A casa de Nazaré, como se chama o espaço, custa à Missão 1500 euros por mês.

A directora dos Arcos, Yolanda Hernandez, disse ao DN nunca ter tido queixas do grupo, acrescentando que respeita o direito deles a manifestar a sua opinião. "Em Espanha também há esses grupos e é algo que as pessoas têm direito desde que não ataquem as mulheres que vêm cá protegidas pela lei", acrescenta a responsável. No ano passado, a Clínica dos Arcos realizou 6113 interrupções voluntárias da gravidez, uma média de 17 por dia.

Os voluntários pró-vida dividem-se por turnos e rezam todos os dias à hora de almoço o terço dos não nascidos, para o qual usam um rosário especial (ver caixa). A oração contém referências ao aborto e à família.

Além de rezar, o grupo conversa com as mulheres que se dirigem à clínica. "Não falamos com todas as mulheres. Os voluntários já percebem quem é que precisa de ser abordada, quem é que parece mais desorientada. Também há outras mulheres que não querem falar connosco e nós respeitamos", explica Alda Marcelino, que faz parte do grupo da quarta-feira.

As mulheres que acedem a falar com a Missão são convidadas a entrar na sede. "Aparecem pessoas com o coração nas mãos muito divididas. Temos um grupo de apoio psicológico que ajuda mulheres que já abortaram", acrescenta Leonor Ribeiro e Castro. As voluntárias contam ainda que ajudam as mulheres dando-lhes roupa ou indicando médicos. "Até já ajudámos a pagar a renda da casa", acrescentam.

A Missão também está presente noutros locais do País. As orações são feitas junto de vários hospitais públicos.

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