'Perdidos e achados' rendem à PSP 300 euros numa hora
Na rua António Carneiro, junto da 'Secção de Achados' da PSP do Porto, ainda faltavam alguns minutos para o arranque do primeiro leilão de perdidos e achados deste ano e já dezenas de compradores, principalmente homens, mas também muitas mulheres idosas, aguardavam para poderem licitar.
Em apenas uma hora, a PSP do Porto faturou cerca de 300 euros com a venda de objetos achados ou na via pública do Porto, em veículos da Sociedade de Transportes Coletivos da cidade, em comboios ou em hipermercados, que nunca foram reclamados pelos donos dentro do prazo legal.
Um quadro do 'Menino da Lágrima', uma moto sem documentos, dezenas de guarda-chuvas, carteiras e telemóveis, uma mala de viagem recheada com ferramentas, sacos de marmitas, muletas, uma raquete, um 'skate', um 'soutien', um peluche, carrinhos de bebé ou uma bicicleta de criança foram alguns dos primeiros objetos a serem leiloados, assim que bateram as 10:00.
Os compradores, que enchiam o espaço, adquiriram objetos às dezenas. Embora a maioria se esquivasse a explicar à Lusa qual o objetivo de tantas aquisições de carteiras, roupa ou telemóveis, alguns dos licitadores contaram que os artigos se destinavam a revenda na Feira da Ladra ou na Feira da Vandoma.
Maria Magalhães, de 79 anos, contou à Lusa, com a cara meio escondida debaixo de um chapéu preto de feltro, que estava no leilão dos achados pela primeira vez. Na sua primeira experiência, e em apenas uma hora, arrecadou uma mala de viagem cheia de ferramentas por 40 euros e, minutos mais tarde, um saco com vários telemóveis por 33 euros.
Foi também Maria Magalhães que comprou um quadro, conhecido pelo título "Menino da Lágrima".
Serafim Costa, 70 anos, um repetente nos leilões da PSP do Porto, comprou uma moto por 25 euros, mas ciente de que o veículo não poderá circular na via pública, pois o agente da PSP fez um aviso prévio à licitação.
"Não quero andar com ela, é para vender às peças", disse, quase a fugir, para não perder um segundo do leilão.
Nuno Ferreira, com cerca de 30 anos, terá sido um dos protagonistas do leilão de hoje, pois comprou de tudo o que aparecia.
O primeiro objeto que licitou foi um candeeiro, por seis euros, seguindo-se depois a compra de malas térmicas, carrinhos de bebé, relógios, guarda-chuvas, bijuteria, carteiras e uma bicicleta de criança.
Os achados arrematados no leilão não podem ser trocados. "Não se aceitam trocas. Se comprarem estragado, é estragado que levam", avisou um dos agentes que participa no leilão, acrescentando que as licitações sobem de euro em euro.
O dinheiro amealhado pela venda dos "perdidos e achados" reverte, conforme determina a lei, para os serviços sociais da PSP e os objetos só podem ser vendidos um ano depois de serem dados como perdidos e caso ninguém reclame a propriedade.