'Motards' portugueses partiram para Marrocos sob grande ovação

Embora ainda não totalmente refeitos da posição da organização, que invocou razões de segurança para se decidir pelo cancelamento, anteontem, daquela que seria a 30.ª edição da mais importante prova do todo-o-terreno mundial, os portugueses Nuno Santos, 31 anos (moto n.º 131), e João Rôlo, 44 anos (moto n.º 196) - este último seria o mais velho piloto luso a marcar presença na competição, em motos -, deram início ontem à concretização de "um sonho".

"Há dois anos que planeávamos as nossas participações no Dakar. Respeitamos a tomada de posição adoptada pela organização da prova, mas decidimos, independentemente da anulação do rali, que iríamos partir hoje [ontem] de Lisboa com destino a Marrocos. Será uma viagem de oito dias, quatro em direcção a Marrocos e outros quatro durante o percurso de regresso a Portugal", explicaram Nuno Santos e João Rôlo ao DN.

Pouco passava das 10.30 quando os dois motards chegaram ao palanque em que o começo do Rali Lisboa-Dakar deveria ter tido palco. Após terem respondido às questões que lhes foram colocadas pelos jornalistas presentes, ao mesmo tempo que eram captados pelas objectivas dos fotógrafos dos órgãos de comunicação social portugueses e estrangeiros, Nuno Santos e João Rôlo arrancaram para a aventura, sem carro de assistência, pouco depois das 11.00.

Rodeados por cerca de aproximadamente uma centena de curiosos, que procuravam obter uma fotografia, socorrendo-se para tal dos respectivos telemóveis que empunhavam, os dois motards viveram momentos de grande emoção.

Não só a multidão que se ia aglomerando ali bem perto do Mosteiro dos Jerónimos, como também um grupo de "50 amigos", do qual faziam igualmente parte "os patrocinadores" dos dois motards portugueses, fizeram questão de saudar os dois pilotos. Assim, Nuno Santos e João Rôlo foram "presenteados" com uma enorme ovação por parte do público. Simultaneamente, ouviram imensas palavras de incentivo. E até houve quem tivesse simulado uma sirene!

Horas antes (09.30), Paulo Cruz, 18 anos, que tinha a cargo a tarefa de distribuir um jornal gratuito a quem se deslocasse a Belém para assistir à partida, inviabilizada, do Dakar, confessava, desolado, ao DN, que a procura estava a ser "bastante fraca". Não muito longe dali, nas lojas de merchandising, alguns transeuntes compravam artigos alusivos ao rali Dakar (camisolas e bonés, entre outros). Uma recordação única, de um rali que não chegou a realizar-se.

Pequeno candidato ao Dakar. Sempre com o pai muito atento a todos os seus passos, uma criança brasileira, quem sabe uma potencial concorrente ao Dakar dentro de anos, passeou ontem por Belém.