'Menino azul' vai passar a alimentar-se sem sonda
Emanuel Silva, a criança de 11 anos que é conhecida por "menino azul", vai começar a comer normalmente. Na segunda-feira, foi submetido a uma cirurgia para retirar a sonda que o alimentava há dez anos e já está a recuperar em casa.
"Este ano experimentámos retirar a sonda para ver como o Emanuel reagia e reparámos que adquiriu forças suficientes para mastigar. Foi aí que o médico decidiu fazer uma cirurgia com o objectivo de lhe retirar a sonda de gastrostomia", afirmou ao DN Helena Silva.
A criança sofre do síndroma de Alagille e tetratologia de Fallot, doenças raras que lhe afectam o coração e o fígado e que conferem um tom azulado à pele. A cirurgia foi realizada na segunda-feira, a que se seguiu um período de vigilância em casa. "O Emanuel é muito frágil, não podia ficar no hospital devido às bactérias. Em casa, consigo controlar tudo e já estou preparada para isso". A criança não se sentiu bem no dia da operação, mas já está a recuperar. "Hoje acordou bem disposto, mas um pouco amarelo e a sentir dores", frisa.
Os últimos dois anos têm sido positivos para Emanuel, apesar das grandes dificuldades que atravessa. No ano passado, refere a mãe, "o rosto e as mãos dele estavam cheios de hematomas e borbulhas. Levei-o a Coimbra mas não havia nada a fazer", desabafou. Foi aí que o médico do Porto sugeriu um reforço da medicação, ao nível de adulto. "Ao fim de dez meses desapareceu tudo".
Apesar dos riscos, a mãe de Emanuel Silva tem dado oportunidade aos médicos para tratar o seu filho. "Nunca desisti, dei-lhes sempre oportunidades de seguirem em frente", sublinha, admitindo estar à espera que o médico do filho traga novidades de um congresso lá fora.
O coração, fígado, rins e pulmões de Emanuel foram gravemente lesados pelas doenças e um transplante hepático está excluído. "O coração não aguenta um transplante... Mas acredito que um dia surja algo que o possibilite". Até lá, vai apoiando o filho em casa e sobrevivendo do apoio estatal e dos livros e quadros que vende. Com a melhoria da saúde do filho, a despesa caiu de mil para 600 euros, o que lhe dá uma vida sem dificuldades. Entretanto, o Emanuel vai tendo aulas em casa. "Sempre é um pouco mais feliz...", diz a mãe. |