'Matinées' atraem público novo ao Parque Mayer

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Lisboa. Famílias inteiras e casais na casa dos 40 estão a aparecer mais vezes

As matinées no Parque Mayer em Lisboa são uma espécie de ventilador que ainda consegue insuflar um sopro de vida no velho recinto. "As últimas revistas que têm estado em cena têm atraído um público diferente. Há gente mais nova, famílias inteiras com jovens a aparecer com alguma frequência", disse ao DN Isabel, funcionária na portaria do Teatro Maria Vitória.

Marina Mota, Carlos Cunha e Vera Mónica são as cabeças de cartaz da 'Piratada à Portuguesa', uma revista que estreou a meio de Dezembro do ano passado e que tem vindo a registar "boas casas". As noites de quinta, sexta e sábado também têm registado afluências razoáveis. Por isso, os restaurantes do parque que ainda se mantêm abertos para jantares acabam por beneficiar igualmente. As ruas do recinto são hoje um gigantesco parque de estacionamento, propriedade da EMEL. De vez em quando, casais de idosos, de braço dado, entram pelo parque e deambulam pelos seus recantos e ruelas à procura de uma memória, de uma fachada ou de uma barraca de tirinhos que já desapareceram. Silvina Fernandes e o seu marido, ambos na casa dos 70, vão à matinée sempre que podem. "Dantes isto era uma grande animação. Agora é uma desolação. Nos anos 40 e 50, havia esplanadas e muita gente. As senhoras arranjavam-se todas para virem passear para o parque. Mas a partir dos anos 60, sobretudo a partir de 1965, isto começou a entrar em declínio. Para mim, o parque vai acabar num condomínio", concluiu , pessimista, o marido.

Enquanto o casal Fernandes se apressa para entrar na sala já bem composta do Maria Vitória, dois outros, mais novos estão já prestes a ocupar uma das frisas. João, 44 anos, diz ao DN que não é frequentador assíduo da revista mas passou a ir ao parque depois de assistir a um dos últimos sucessos em cartaz, antes da 'Piratada'. Teresa, que o acompanha nesta tarde de teatro, concorda. "Não conhecia o género. Mas fiquei a gostar sobretudo depois da revista Hip Hop Parque. É um espectáculo que dispõe bem, alegre e que tem crítica e sátira social", sublinha.

Um grupo de mulheres e homens da Nazaré chega e é motivo de animação. O ambiente promete. "Quando chegam as nazarenas os artistas já sabem que vai ser um espectáculo divertido", diz Maria de Fátima, 62 anos, enquanto ajeita as suas duas saias - "hoje não trago sete"- para logo de seguida explicar: "Ó meu amor, o parque era tão lindo quando eu vinha cá com os meus 20 anos. Agora está uma tristeza. Dantes, trazíamos os nossos ouros todos à mostra quando vínhamos a Lisboa, agora é só os brincos e ... e...", lamenta em tom estridente. "Mas não é por isso que deixamos de vir, que a gente gosta muito dos artistas." Ao lado, duas senhoras tentam "um jeitinho". Dizem: "A nossa reforma não dá para mais e os bilhetes mais baratos são 12,5 euros." Mas nada feito. Tristes e resignadas, vão voltar para a semana.|

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