'Hala Madrid!': Cristiano reina no Bernabéu há seis meses
Hoje, em Espanha, reúnem-se as famílias para abrir as prendas de Natal e celebrar o "Dia de Reis". Em Madrid, celebra-se outro reinado: há meio ano que Ronaldo veste a camisola blanca do Real. O saldo? 13 jogos, 13 golos, e muitos elogios - que nem um bruxo ou uma lesão conseguiram apagar.
Foi a 6 de Julho de 2009 (faz hoje meio ano) que CR se tornou CR9, apresentando-se no Santiago Bernabéu e vestindo, pela primeira vez, a camisola do Real Madrid. Do "1, 2, 3, Hala Madrid!" para cá, passaram-se seis meses - 180 dias com altos e baixos, jogos e polémicas, golos e lesões. Mas há uma ideia comum: Cristiano Ronaldo já reina em Madrid (e recebe elogios do universo madridista, do presidente Florentino Peréz à antiga estrela Zinedine Zidane).
O balanço [ver textos à direita] faz-se com recurso à velha história do copo meio cheio ou meio vazio. Meio cheio porque CR9 já se assumiu como o melhor marcador da Liga dos Campeões e e o líder de um Real que ainda procura forma de travar o papa-taças Barcelona na liga espanhola. E, ao mesmo tempo, meio vazio porque metade dos primeiros seis meses em Madrid foi passada fora dos relvados - fosse na pré-época ou por causa das lesões.
Ronaldo teve um início de época prometedor: marcou nos cinco primeiros jogos oficiais Mas, depois, a 30 de Setembro, magoou-se (entorse no tornozelo), após uma falta de Diawara (Marselha).
Fosse ou não por culpa do bruxo Pepe - que disse ter sido contratado para lesioná-lo - o avançado português esteve 56 dias fora dos jogos do Real - até 25 de Novembro. Depois, voltou ao pé coxinho (20 minutos com o Zurique), retomou a liderança da equipa (ante o Barcelona), regressou aos golos (frente ao Almería)... e explodiu, bisando em Marselha (1-3).
A passagem apagada pelo campo do Osasuna (0-0), no domingo passado, não faz mossa na estatística destes seis meses. Com Ronaldo em campo, o Real ganha quase sempre (11 vitórias em 13 jogos, 38-8 em golos). Sem Cristiano, nem tanto. Os merengues somam seis vitórias (18-16 em golos) nas 11 partidas sem o madeirense.
O dia é dos Reis Magos, mas o técnico Manuel Pellegrini bem pode dizer: mais do que ouro, incenso e mirra, Cristiano Ronaldo é a melhor prenda para o Real.
1."Não estudei nenhuma fala para hoje. Tudo o que sair é natural. Estou muito feliz por estar aqui. Cumpri um sonho de menino: jogar no Real Madrid. Não esperava que o estádio estivesse cheio só para me ver. Isto é impressionante. Muito obrigado a todos". Foi com estas palavras que Cristiano Ronaldo se apresentou no Santiago Bernabéu, em Madrid, a 6 de Julho de 2009 (faz hoje meio ano). O momento foi o corolário da maior transferência do futebol mundial (rendeu cerca de 94 milhões de euros ao Manchester United). E ficou marcado por uma frase ("1, 2, 3, hala Madrid!", estrofe do hino do Real, gritada por Ronaldo e por todo o estádio). E por uma música ("À minha maneira", dos Xutos & Pontapés, tocada enquanto Cristiano percorria o relvado e saudava os 85 mil adeptos que se juntaram para o receber). Foi a maior assistência de sempre numa apresentação de um futebolista (o português superou a chegada de Maradona a Nápoles). E foi também um dos seis momentos mais marcantes destes seis meses em Madrid.
2.Craig Sives, defesa escocês, de 23 anos, teve a honra de ser o primeiro a fazer marcação directa a Cristiano Ronaldo, na estreia do atacante português pelo Real Madrid. Foi a 20 de Julho de 2008, contra o Shamrock Rovers - durante a digressão irlandesa dos merengues - e CR9 esteve discreto. No primeiro jogo em Santiago Bernabéu (1-1, com o Al Ittihad) também não marcou. Mas nos encontros seguintes redimiu-se, ainda que de penálti, com golos ante Liga de Quito e Juventus, para a Peace Cup. A estreia oficial foi a 29 de Agosto, contra o Deportivo da Corunha, e voltou a dar golo... de grande penalidade. Aos 35', Ronaldo atirou para o fundo da baliza de Aranzubia e bem pôde festejar (na foto, à esquerda]: o golo foi decisivo para a vitória do Real, por 3-2. Os primeiros jogos do português de blanco vestido continuaram a dar golos: sete nas primeiras cinco partidas (Deportivo, Espanhol, Zurique, Xerez e Villarreal).
3.Até final de Setembro, tudo corria bem ao madeirense. Então, saíram-lhe ao caminho o bruxo Pepe e Souleymane Diawara. A 28 de Setembro, surgiu o bruxo, contando à imprensa espanhola que tinha sido contratado para lesionar o português ("uma pessoa famosa que conhece pessoalmente o Cristiano Ronaldo contratou-me para que ele sofra uma lesão grave. Não sou antimadridista, mas sou um profissional e pagam-me muito bem para usar os meus poderes").Bruxedo ou não, dois dias depois surgiu a lesão, após uma entrada dura de Diawara, num Real Madrid--Marselha (Ronaldo já tinha bisado nesse jogo). A entorse no tornozelo (ver foto à direita) parecia de cura rápida. Ronaldo até foi convocado para a selecção nacional e avançou como titular para o Portugal-Hungria. Mas nem durou 30 minutos em campo e agravou a lesão (azedando as relações entre o Real Madrid e a Federação Portuguesa de Futebol). O tornozelo deixou o avançado de fora até finais de Novembro e nem uma nova novela em torno da sua utilização pela selecção (acabou por não jogar no play-off com a Bósnia-Herzegovina) evitou que o regresso só se desse 56 dias depois do embate com Diawara.
4.Sem contar com o 0-0 de domingo passado em Pamplona (frente ao Osasuna), Cristiano Ronaldo só não marcou em dois jogos de liga espanhola: imediatamente antes (Tenerife) e depois (Barcelona) da lesão. Após os tais 56 dias sem vestir a camisola oficial do Real Madrid, CR9 voltou a meio-gás, para viver algo inédito nesta temporada: dois jogos seguidos sem marcar (20 minutos com o Zurique e 66 com o Barcelona). Mas esses 66 minutos foram mais especiais: foi a estreia do português no grande clássico da liga espanhola. O 1-0 final significou a primeira derrota vivida em campo pelo português, mas - de bola parada (na foto) ou em jogadas individuais - foi ele quem mais luta deu ao actual campeão europeu.
5.Com o apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões ainda em discussão, CR9 visitou o Marselha e o "carrasco" Diawara. Respondeu com dois golos - um disparo forte e em jeito, de livre directo; e outro em que se desmarcou, caiu e levantou primeiro que o guarda-redes - e deu ao Real a vitória no grupo. Ronaldo parece ter mesmo a Liga dos Campeões como prova de eleição: leva seis golos, é o melhor marcador da prova.. . e fez apenas três jogos a titular (mais os tais 20 minutos com o Zurique).
6.Em jeito de balanço, os seis meses de Ronaldo em Madrid são rematados com elogios de todo o universo madridista. Desde o ínicio da época, nas palavras do presidente Florentino Peréz ("Só posso falar bem dele"), até ao mês passado, na voz do antigo jogador Zinedine Zidane ("é fenomenal, faz coisas fantásticas") a aclamação é geral. Falta saber como será daqui a seis meses.