'E-mail' anunciou o fim do telegrama nos EUA
Anotícia chegou por e-mail "a partir de 27 de Janeiro de 2006, a Western Union vai desactivar todos os serviços de telegramas e de serviços de mensagens comerciais". O telegrama morreu nos Estados Unidos da América.
O (agora) romântico pedaço de papel que transmitia as urgências abreviadas daqui e dali foi atropelado pelo imediatismo do fax, e-mail e SMS. O telegrama passou ... à História.
"Lamento informar Titanic afundado esta manhã 15 choque com iceberg grande perda de vidas detalhes mais tarde". Foi assim que Bruce Ismay, do navio SS Carpathia, informou o seu escritório, em Nova Iorque, do naufrágio do Titanic.
"Preciso autoridade alugar armazém lugar chamado Hollywood 75 dólares mês", transmitiu o produtor cinematográfico Cecil B. Mille, em 1913, anunciando, sem o saber então, o nascimento da indústria do cinema norte-americano.
A Western Union era a última companhia dos Estados Unidos ainda com serviço de telegramas. O email que dá a extrema-unção aquela forma de comunicação tornada arcaica acrescenta, lacónico "Lamentamos qualquer inconveniente que isto lhe possa causar e agradecemos-lhe o seu patrocínio leal". Stop.
Urgências
Ao telegrama está associada a ideia de urgência. Há uma mensagem importante que deve chegar a um destinatário. A telegrafia - transmissão de mensagens escritas em longa distância sem suporte físico - existe desde tempos longínquos. Os primeiros telégrafos eram ópticos, reporta a Wikipedia, referindo-se aos sinais de fumo e aos sinais luminosos dos faróis. Em 1844, surgiram as transmissões em código Morse, com o alfabeto feito pontos e traços.
Passou-se mais de um século até chegar a Internet com todo o seu exército de potencialidades. O e-mail ("nasceu" em 1960), a conversação em tempo real ou o SMS tornaram as urgências urgentes. Já ninguém espera horas por um pedaço de papel (os mais novos nem saberão o que é um telegrama...). Urgente é hoje, para uma grande fatia da população, sinónimo de instantâneo.
O telegrama deixa, no entanto, uma herança bem actual a linguagem telegráfica. A voragem dos dias não tem tempo para mais. E tempo é dinheiro.
Stop. * com José Pestana, jornalista da Lusa