'Bela Adormecida' acorda 50 anos depois num DVD

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Cinema. O filme clássico da Disney baseado no conto de fadas homónimo de Perraut e na música do bailado de Tchaikovsky com o mesmo nome chegou às salas em Janeiro de 1959. Uma edição em DVD, com imagem restaurada e um segundo disco com extras, devolve-o agora ao mercado nacional

Filme restaurado digitalmente para esta reedição

Poucas histórias de fantasia ganharam expressão de "carne e osso". A Bela Adormecida, na versão levada ao cinema por Walt Disney em 1959, é um dos raros casos em que o universo criado pela imaginação dos desenhadores conquistou "vida" no mundo real. Produzido ao mesmo tempo que a Disneylândia era construída na Califórnia, o filme (que só se estrearia depois de inaugurado o parque temático) deu nome ao castelo central da estrutura que, originalmente, esteve para se chamar Castelo da Branca de Neve...

Os contos de fadas cedo ganharam um lugar especial junto de Walt Disney. E depois de Branca de Neve e os Sete Anões (1937) e Cinderela (1950), A Bela Adormecida juntou mais um episódio de sucesso ao historial do "cânone" das longas-metragens de animação dos estúdios. Em Janeiro de 2009 celebra-se o cinquentenário da sua estreia. Uma edição especial em DVD assinala, desde já, a data. O filme surge numa cópia digitalmente restaurada (segundo um processo que recentemente recuperou Branca de Neve e Pinóquio) e vem acompanhado por extras vários, desde jogos, telediscos e canções eliminadas até documentários, sem esquecer a curta Grand Canyon, exibida em sala com o filme quando se estreou.

Com longa pré--produção, foi um dos últimos filmes dos estúdios a ser directamente acompanhado por Walt Disney. Clyde Geronimi chefiou a equipa de realizadores que com este filme assumiu uma série de desafios: A Bela Adormecida não só foi o primeiro filme da Disney em 70 mm como representou igualmente a primeira produção dos estúdios a ter um director artístico responsável pelas opções de cor, design de cenários e aspecto geral da imagem. A figura em questão foi Eyvind Earle, a quem, de resto, é dedicado um dos documentários neste DVD.

As linhas e cores, com personalidade vincada, de Earle, a sua opção por figuras estilizadas, a segura inspiração visual na tradição medieval europeia são marcas de identidade que demarcaram este de outros clássicos da Disney. Eyvind Earle teve liberdade para definir a sua visão deste conto histórico e foi ele mesmo quem pintou os cenários usados no filme. As personagens, por sua vez, foram trabalhadas a partir da observação, fotografia e mesmo filmagens de actores. O príncipe Filipe teve como referência Ed Kemmer, conhecido pelo trabalho na série Space Patrol. Por seu lado, Helene Stanley foi a modelo que inspirou a aparência da princesa Aurora. A fada Maléfica, a vilã do filme, foi criada com o intuito de fugir da imagem tradicional da bruxa. Assim surgiu uma figura esbelta, envolta em chamas e com aparência diabólica.

A história da princesa amaldiçoada de morte à nascença, "salva" depois pelas três fadas-madrinhas, mas condenada a dormir depois de picada por um fuso, até que um beijo de um príncipe a acorde foi originalmente criada pelo francês Charles Perraut em 1697. O filme da Disney adaptou a história, tomou como inspiração para a banda sonora o bailado de Tchaikovsky com o mesmo nome e foi vista pela primeira vez nas salas de cinema americanas em Janeiro de 1959. A Portugal chegaria dois anos mais tarde, em Abril de 1961.

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