'Assalto ao navio Santa Maria' estreia dia 23

A 'Operação Dulcineia', uma acção desencadeada pelo capitão Henrique Galvão em 1961 para tentar derrubar o regime de Salazar, é retratada no filme de ficção 'Assalto ao Santa Maria', do realizador Francisco Manso, que estreia no dia 23.
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'É uma história que sempre me interessou, como qualquer história que fale sobre momentos marcantes da História portuguesa e que tiveram contributos para a mudança. Tudo isso me interessa', disse o realizador à agência Lusa.

O filme recorda os dias em que durou o assalto ao navio de luxo 'Santa Maria' no começo de 1961 em águas internacionais, uma operação comandada pelo capitão Henrique Galvão que ficou conhecida também como 'Operação Dulcineia'.

A operação contou com a participação de revolucionários portugueses e espanhóis numa tentativa de denúncia a nível internacional do que se passava em Portugal e também em Espanha, no regime franquista.

A acção terminou ao fim de 12 dias com o paquete a fundear no Brasil para libertar os passageiros e tripulação.

O assalto, que contou com o apoio de Humberto Delgado, foi interpretado na altura como o primeiro sério abalo da ditadura salazarista.

No filme, Francisco Manso recria esses dias de tensão em alto mar, focando-se sobretudo nas dúvidas e na determinação do capitão Henrique Galvão, papel que coube ao actor Carlos Paulo.

'Este filme não esgota o tema. Sendo um filme ficção, inspira-se na história, mas centra-se nos dias que durou o assalto e muita coisa haveria para dizer antes, explicar por exemplo quem era o Galvão', explicou Francisco Manso, para quem o capitão foi uma figura "um bocado quixotesca".

Ao relato baseado num facto verídico, o realizador juntou uma história ficcional de amor entre uma passageira (a actriz Leonor Seixas) e um dos revolucionários (o actor Pedro Cunha).

Da filmografia de Francisco Manso há outros filmes que partem de um acontecimento ou personalidade verídica, como 'O último condenado à morte' (2009) ou 'O cônsul de Bordéus', sobre o diplomata Aristides de Sousa Mendes, que deverá estrear-se até ao final do ano.

'Estas personalidades merecem que se olhe para elas independentemente das nossas opiniões e que se divulgue o que eles fizeram e o que eles contribuíram para a mudança, porque foi bastante', defendeu o realizador.

Com um orçamento de um milhão de euros, o filme foi rodado sobretudo no antigo navio hospital Gil Eannes, actualmente atracado em Viana do Castelo, e contou com apoios financeiros de Portugal e Espanha.

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