'Anos Rebeldes' ou o Brasil da ditadura

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O cenário é um colégio do Rio de Janeiro, o tempo o dos anos de chumbo da ditadura no Brasil, entre 1964 e 1971. Anos Rebeldes, minissérie de Gilberto Braga que o GNT emite a partir de hoje (19.00, de segunda a sexta-feira), é a história de um triângulo amoroso que traduz o conflito de uma geração dividida entre o compromisso político e a realização individual.

Maria Luísa (Malu Mader) é a filha de um militante comunista e apaixona-se por João Alfredo (Cássio Gabus Mendes), que entra na luta armada contra o regime. Surge então no jogo Edgard (Marcelo Serrado), um jovem desinteressado da política com quem Luísa acabará por casar. A última figura-chave é Heloísa (Cláudia Abreu), que faz o percurso inverso do personagem de Maria Luísa. Filha de um banqueiro que ajudou a financiar o golpe militar contra João Goulart, em 1964, ela entra também para a guerrilha contra a ditadura.

Anos Rebeldes é uma revisitação pela Globo do período mais duro da ditadura que se prolongaria até 1984. Descreve um Brasil politicamente censurado, mas em que emergiam a guerrilha armada e também movimentos culturais de ruptura, como a Tropicálica de Caetano Veloso e Gilberto Gil. O tema principal da novela é Alegria, Alegria, que começa com Caetano a cantar Caminhando contra o vento/Sem lenço sem documento.

A temática da ditadura seria aflorada pela Globo, de forma mais leve, na novela Senhora do Destino, actualmente em exibição na SIC. Anos Rebeldes reúne a equipa que se reencontraria quase uma década mais tarde para produzir a novela Celebridade as actrizes Malu Mader e Cláudia Abreu, o autor, Gilberto Braga e o director de núcleo, Denis Carvalho.

Numa entrevista à Folha de S.Paulo, em 1992, o ano da estreia da minissérie no Brasil, Gilberto Braga explicou que Anos Rebeldes foi o primeiro projecto que escreveu a partir de sugestões do público "Assim que Anos Dourados foi para o ar, as pessoas diziam 'agora você tem de fazer os anos rebeldes, os anos de chumbo.'"

Anos Dourados, de 1986, é outra minissérie histórica de Gilberto Braga, situada na década de 50. Para o autor, "Anos Dourados é uma história contra a hipocrisia e Anos Rebeldes é contra o autoritarismo e a intolerância, exemplificados pela ditadura militar".

Exibida no ano em que o primeiro presidente eleito do Brasil, Fernando Collor de Mello, era obrigado a renunciar ao cargo, Anos Rebeldes enfrentou resistências políticas. Gilberto Braga foi forçado pela Globo a alterar algum do material politicamente mais sensível. Assim, quatro dos 20 capítulos da minissérie (do décimo-primeiro ao décimo -quarto) foram reescritos.

ANIVERSÁRIO.

A exibição de Anos Rebeldes

surge no quadro do sétimo aniversário do canal por cabo da Globo, que se assinala este mês.

Entre as novidades anunciadas pelo canal, destaca-se ainda a série de humor Os Aspones, com Pedro Paulo Rangel, Marisa Orth, Drica Moraes, Selton Mello e Andréa Beltrão.

É uma comédia passada num escritório que acaba por ser rebaptizado como o FMDO (sigla para Falar Mal Dos Outros). O título do programa dirigido por José Alvarenga Júnior é também a sigla para Assessor de Porcaria Nenhuma. É exibida às quintas-feiras (23.30) e estreia já quinta-feira, dia 14. Os horários alternativos são ao sábado (13.00) e à segunda-feira (02.00).

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