'Alice' chega ao 'país das maravilhas' com La Féria
Um cenário verde feito jardim serve de palco para uma viagem a um mundo onde nada é o que parece e tudo é possível. A lagarta que fuma e fala, o gato risonho que se pode tornar invisível, o coelho branco sempre agarrado ao relógio, o chapeleiro maluco que festeja o "desaniversário" ou ainda a rainha de copas que é dona de um exército que é um baralho de cartas, são algumas das personagens que povoam esse mundo de irrealidade. E ao contrário do que se poderia esperar, não provocam estranheza. Afinal, fazem parte do nosso imaginário desde a infância, na versão escrita ou animada de Alice no País das Maravilhas. Filipe La Féria pegou nelas e levou-as para o Teatro Politeama, em Lisboa, num musical feito a pensar nos mais novos.
"A Alice no País das Maravilhas é uma obra que tem tudo, é como Hamlet", considera o encenador, responsável pela adaptação do livro ecrito por Lewis Carroll em 1845. "É um apelo ao sonho mas também uma crítica à sociedade. Tenta transformar a fantasia em realidade, como diz a Alice no final", conta. E assim se faz no Politeama, onde se dá vida às figuras que a menina de vestido azul, interpretada por Cátia Garcia, vai encontrando durante o seu sonho.
Um ecrã gigante colocado na parede central do palco ajuda a plateia a entrar no país das maravilhas. Por aí vão passando vários vídeos com desenhos animados, com funções meramente decorativas ou complementares da acção que se vai desenrolando no palco. O resto fazem-no as músicas, da autoria de António Leal, e os cenários e figurinos, da responsabilidade de Marta Anjo. E Alice fica gigante e pequena diante dos nossos olhos
La Féria confessa que, com imaginação, foi fácil fazer a adaptação para o palco, até porque a Alice sempre foi uma personagem presente na sua vida. "Fiz a peça quase toda numa noite. Pelo menos os traços gerais, depois tudo é pensado ao milímetro", conta.
À semelhança do último musical deste género adaptado por La Féria (A Menina do Mar, de Sophia de Mello Breyner Andresen), Alice no País das Maravilhas foi pensado propositadamente para estrear na época natalícia. A motivação é a que já se conhece a Filipe La Féria nestes espectáculos infanto-juvenis "É o futuro público. Quero que se apaixonem pelo teatro e pela imaginação. E que sejam cidadãos que consigam mudar o mundo, melhorar-se a si próprios e aos outros", explica. Mostrar que o teatro pode fazer sonhar e ser o país das maravilhas é a sua "missão".
É assim que se despedem, no final, os 12 actores que compõem o elenco. Feitos personagens do país das maravilhas, cantam para relembrar a plateia "Só quem sonha consegue viver. Acredita!"
De segunda a sexta-feira, às 11.00 e às 15.00, ou aos fins-de-semana e feriados (15.00), Alice no País das Maravilhas está já em cena para as escolas. Dia 8, às 16.00, é a estreia oficial, numa iniciativa em que se pede aos espectadores que levem presentes para as crianças da Fundação Portuguesa A Comunidade Contra a Sida.