'A Favorita'estreia-se com boas críticas e más audiências

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Brasil. A telenovela que irá, em Portugal, substituir 'Duas Caras', na SIC, teve uma estreia fraca no Brasil, mas os elogios da crítica, no início do mês. Com apenas 34 pontos de IBOPE, a trama, cheia de ingredientes interessantes, de João Emanuel Carneiro foi elogiada por todos os especialistas brasileiros

Estreia "reflecte fase de vacas magras da Globo"

A Favorita, a novela da TV Globo que sucedeu a Duas Caras - e que fará o mesmo na SIC - estreou-se com sucesso junto da crítica, mas com audiências baixas. O primeiro capítulo, segunda-feira, dia 2, rendeu apenas 34 pontos de IBOPE (equivalente a 2,7 milhões de televisores ligados na novela), a pior estreia de uma novela do horário na última década.

A novela aborda a história da mãe ex-presidiária Flora (Patrícia Pillar), em luta para reaver a sua filha, que foi criada pela sua inimiga Donatela (Cláudia Raia). Num fórum realizado em São Paulo, o autor Gilberto Braga, da TV Globo - que fez sucesso com Paraíso Tropical, entre outras -, criticou a trilha musical. As colunas especializadas afirmam que Braga acha o enredo parecido com o da sua novela Dancing Days, de 1978.

Tudo indica que a audiência vai crescer, em breve. A bela Juliana Paes deverá mostrar o seu corpo quase por inteiro. Também Taís Araújo deverá revelar as suas curvas e até a veterana Patrícia Pillar deverá aparecer de sutiã. Do lado masculino, Cauã Raymond, que interpreta o vilão Halley, deverá aparecer só de cuecas. O actor Iran Malfitano viverá um gay Excitado (Orlandinho), que tentará um envolvimento com Halley.

As críticas positivas vieram de vários meios, a começar pelo jornal do grupo Marinho, O Globo. A responsável pela coluna de TV Patrícia Kogut deu "nota dez" ao capítulo de estreia da novela de João Emanuel Carneiro, dirigida por Ricardo Wad- dington. "João Emanuel Carneiro prometeu e cumpriu. A favorita estreou-se instalando uma dúvida na cabeça dos telespectadores: quem é a vilã, quem é a vítima, Flora ou Donatela? Apesar do drive para mocinha de Patrícia e das vilãs no currículo de Claudia, a ambiguidade prevaleceu. O capítulo foi um show de tensão. E de boa interpretação principalmente dessa dupla de actrizes. Mas Glória Menezes, Mariana Ximenes, Tarcíso Meira e Mauro Mendonça também brilharam. Outra cena de destaque foi o embate entre Copola (Tarcíso Meira) e Gonçalo (Mauro Mendonça). O texto de João Emanuel, cheio de humor, ajudou."

Em O Estado de São Paulo, Cristina Padiglione afirma que o tom da novela é ousado. "O texto expõe vertentes raras de se ouvir na TV comercial, e mais ainda em telenovela. "Na juventude, todo mundo é de esquerda", justifica o ricaço da história, Mauro Mendonça, para a neta, Mariana Ximenez". E prosseguiu: "Obrigatoriamente didáctico para apresentar a história, o primeiro capítulo de A Favorita cumpriu essa missão sem perder a chance de entreter. Diálogos breves encerraram a essência de cada personagem: o político corrupto (Milton Gonçalves), a filha chantagista (Taís Araújo), o jornalista namorador (Carmo Dalla Vecchia), o marido suspeito - e no caso dele, Murilo Benício, nem foi preciso diálogo, bastou a cena em que ele apanha a mala cheia de dólares. E tem Glória Menezes com um tipo que é um afago na alma." E adverte a crítica do Estadão: "Oxalá a emissora não ceda à tentação de dispensar a ousadia para buscar mais audiência. O capítulo de estreia bateu nos 35 pontos de média. É o mais baixo alcançado por uma novela dita das oito, mas que se explica pelo insucesso do final de Duas Caras."

Já a Folha de São Paulo elogia Patrícia Pillar por seu desempenho e revela: "Depois de meses de uma trama ambientada em uma favela, na Portelinha, dominando o horário nobre da Globo, em Duas Caras, foi a vez de os ricaços entrarem em cena na trama de A Favorita." Mas, acrescenta com ironia a Folha, "o primeiro capítulo de A Favorita reflectiu bem a fase de vacas magras da Globo. Na estreia, a emissora quebrou sua tradição de exibir cenas típicas de uma superprodução, daquelas de hipnotizar o público com pirotecnias, imagens aéreas ou personagens em cenários luxuosos no exterior. Tudo foi muito pobrinho para o padrão de uma novela das oito". Na verdade, a novela "das oito" é exibida no Brasil às 21.00, mas a designação continua como "das oito", conclui a Folha.

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