«Brasileiros vêem o GNT para ficarem mais perto de casa»

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Depois de mais de dez anos à frente do GNT no Brasil, qual tem sido o impacto do canal em Portugal?

Está a ser muito positivo, a avaliar pelas reacções que me chegaram até agora. Mas só depois de darmos por concluídos os estudos qualitativos - a decorrer durante toda a semana para analisar os hábitos, as preferências e opiniões do público em relação à TV Cabo e à grelha do GNT - é que poderei ter uma resposta mais concreta a este nível.

O GNT é um factor de aproximação entre Portugal e o Brasil?

É um claro ponto de contacto e de aproximação, sem dúvida! Nem podia ser de outro modo! Afinal, há toda uma história de quinhentos anos a unir-nos. As raízes, a cultura, os costumes, a própria língua... são tudo pontes entre Portugal e o Brasil. Tudo laços que unem os dois povos e fazem cada um deles querer saber mais sobre o outro.

Como é que os portugueses e os brasileiros a residir em Portugal vêem o GNT? Alguma diferença marcante?

Não sei se haverá grandes diferenças... ou melhor, julgo que não as há na maneira de ver os programas. Elas surgem, depois, na maneira de sentir o canal, na vivência que cada grupo faz dos diferentes programas, na emoção que eles transmitem aos telespectadores...

E que é maior nos brasileiros?

Talvez, sim. Mas isso resulta mais da componente da saudade que de outros factores. Os portugueses vêem o GNT para conhecerem melhor o Brasil, porque sentem afinidades com o país e querem chegar mais perto do coração brasileiro. Já os brasileiros residentes em Portugal vêem porque gostam, claro, mas sobretudo pela nostalgia. Para ficarem mais perto de casa. Para matarem um pouco as saudades...

Como define o canal GNT Portugal?

É um canal que tem crescido, de Junho até à data, a ponto de recuperarmos níveis de audiência e share que nos colocam entre os cinco primeiros canais do cabo. E isso é muito positivo, sobretudo num ano de muitas coisas novas em TV.

Quais as grandes apostas em termos de programação?

Bom, fortes mesmo serão o Caldeirão do Huck (de Verão) e o Altas Horas, que têm um sucesso enorme no Brasil e tentamos agora que sejam gravados no País. Se conseguíssemos fazê-lo em Lisboa seria um estrondo! Ia movimentar a cidade em peso! Acima de tudo, apostamos forte na tal proximidade Portugal/Brasil, sem fundamentalismos étnicos. Queremos uma coisa para todos.

Outros projectos em carteira, prontos a sair ao longo do ano?

A dramaturgia será sempre a prioridade. No final deste mês estreia a novela Andando nas Nuvens, às 21.00. E vamos ter uma boa cobertura do Carnaval brasileiro, transmitido ao vivo e em directo do Rio de Janeiro. A emissão dos desfiles é em Fevereiro, mas a partir de Janeiro vamos começar a preparar as pessoas para o evento. Depois, quero fazer alguns especiais - de arquitectura, tão parecida nos dois países; das festas dos santos, levados de cá para o Brasil; e do Nordeste brasileiro, que cada vez mais é destino de férias dos portugueses.

Que balanço faz da actividade do canal no País?

Muito positivo, atendendo ao que já está feito, e muito animado relativamente ao que prevemos para os próximos anos. Claro que os projectos futuros dependem dos investimentos na produção - e a minha vinda a Portugal agora também se prende muito com esse aspecto. Mas aos poucos, de forma consistente, aumentámos a presença cá, o que abre óptimas perspectivas.

Como é que programas como o Sai de Baixo, o Programa do Jô ou um Saia Justa ajudam a definiro rosto do canal?

É impressionante a referência que as pessoas tiram dos programas. Falam com um carinho especial do Jô, no seu estilo inconfundível. Elogiam o profissionalismo da Gabi (no Marília Gabriela entrevista)e a informação do Saia Justa. O Sai de Baixo, então, caiu no gosto dos portugueses! Passamos reposições ao início da tarde e as audiências continuam fortes. Isso diz tudo.

O GNT esteve ligado a várias causas sociais no Brasil, com êxito. É viável fazer o mesmo em Portugal?

Esse período ligado a campanhas de sensibilização faz parte do passado do GNT, apesar de ainda darmos o nosso contributo. Se nos vamos associar a grandes causas cá? Tencionamos fazê-lo, apesar de a política do canal estar afastada desse tipo de acção. Mas estaremos lá.

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