Após ter escrito cinco mil páginas sobre magia, J.K. Rowling passou para a literatura mais séria e descreve em 485 páginas a convulsão social provocada pela morte de um membro da Associação Comunitária de Pagford. Uma obra que gerou divisões na receção crítica, colocando de um lado ferverosos admiradores e do outro os que acham que a escritora poderia ter escrito outra coisa. .Numa das raríssimas entrevistas que J.K. Rowling concedeu, e que o DN publica hoje na sua edição em papel, a escritora não se escusa a responder a quem lhe exigia um livro diferente: "Os escritores têm de escrever aquilo que necessitam de escrever. Eu precisava de escrever este livro." Para Rowling, a questão ficou encerrada ao apontar os temas universais que trata, entre outros: conflitos familiares e tensões entre pais e filhos. Tudo isto e muito mais num cenário de uma Pagford que lembrará Agatha Christie, ao mesmo tempo que introduz uma violência social que faz lembrar os piores pesadelos do jovem Potter..A entrevista, concedida a James Runcie, revela o pensamento de J.K. Rowling nesta fase pós-Harry Potter: "Espero que algumas pessoas gostem deste livro. Não me incomoda o facto de talvez algumas pessoas não gostarem, e certamente não me perturba haver alguém que queira mais livros de Harry Potter. Considero isso um cumprimento! Voltarei de certeza a escrever para crianças, porque adoro fazê-lo e duvido que alguma vez deixe de o fazer." .A escritora conta também como o facto de ter sido professora a ajudou neste romance: "Ensinei na escola pública, o que significa que dei aulas em escolas onde não existia qualquer processo de seleção. Em cada turma existia um grupo muito variado de alunos. Esse facto inspirou decerto a forma como retratei os adolescentes, embora tenha recorrido mais à minha experiência de aluna numa dessas escolas e às minhas recordações da adolescência.".Nega que seja um romance particularmente britânico: "Embora o lugar e as personagens sejam, creio eu, tipicamente ingleses, trato de temas universais. As questões sociais que coloco são relevantes em qualquer lado.".Leia mais pormenores no e-paper do DN.