"Vamos apresentar projecto de lei que possibilite uniões 'gay' na Itália"

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EQuais são os pontos fortes da sua campanha eleitoral?

Se vencermos as eleições, vamos apresentar um projecto de lei para que as uniões de facto sejam juridicamente equiparadas ao casamento. E que se possibilite as uniões homossexuais. Apesar de o Pacto de Convivência Social (PACS) não fazer parte do programa do centro-esquerda, é uma prioridade para a Refundação Comunista. Tenho de reconhecer que partidos da União, como a Udeur, o Partido Democrata Cristão e a Margarida não aprovam os casamentos homossexuais. Será uma luta difícil mas não desisto.

Quais serão as outras prioridades?

Facilitar as práticas burocráticas para quem quer mudar de sexo e ver o seu novo género reconhecido jurídica e civicamente. Queremos ainda legalizar as drogas ligeiras, permitir e criar zonas para a prostituição, através do diálogo com as instituições e os trabalhadores do sexo.

Que outras regalias oferece aos homossexuais italianos?

Uma campanha muito séria contra a sida, começando pela promoção do uso do preservativo nas escolas. Iremos ainda defender o direito de asilo aos gays e lésbicas oriundos de países onde a homossexualidade é punida com a pena de morte. Farei uma guerra de civilizações contra a discriminação e prometo que não voltaremos a ser descritos em jornais e revistas com nomes ofensivos.

Por que razão nos seus espectáculos se veste de drag queen?

Cada um tem a sua divisa. É como os advogados que quando entram no tribunal vestem a toga ou Berlusconi que só veste casacos traçados e com quatro botões.

Se a esquerda vencer, a oposição, liderada por Silvio Berlusconi, vai ser dura de combater, sobretudo nas questões que defende...

Não creio. Não odeio Silvio Berlusconi. Ambos usamos saltos nos sapatos e maquilhagem nos programas de televisão. Desde a adolescência que reconheci a minha tendência sexual. Nunca tive complexos ou problemas. A minha presença no Parlamento servirá para diminuir os preconceitos.

Como reagirá a Igreja?

Não quero entrar em questões éticas, defendo o Estado laico. Ficaria muito feliz se pudéssemos iniciar um verdadeiro diálogo entre a Igreja e os homossexuais. Porque não podemos ser recebidos no Vaticano?

Acha que a sua candidatura pode assustar os moderados do centro--esquerda?

Penso que não. Os cidadãos têm uma mentalidade mais aberta do que os políticos e vão votar com base nas ideias e não nas tendências sexuais. Eu não me sinto uma adversária dos católicos. E não devem temer que eu queira obrigar alguém a ser gay. Aliás, nem todos os gay votam na esquerda, a maioria vota centro-direita. Muitos votam mesmo na extrema-direita.

sta "mulher" elegante e sofisticada apresenta-se às legislativas de 9 e 10 de Abril com o nome de baptismo "por questões burocráticas" - no registo civil ainda é do sexo masculino. Vladimir Luxuria não esconde o seu passado de dançarina e garante que, se for eleita para o Parlamento, "não me apresentarei de fato e gravata". Organizadora do primeiro Gay Pride em Roma (1994), protagonizou um filme sobre um transsexual que se torna deputado, inédito porque proibido por lei.

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