"Se for preciso, Díli fica cheia de gente da Fretilin"

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NQue soluções vão estar em cima da mesa na reunião da Fretilin?

A Fretilin é um partido grande, há muitas possibilidades. Tudo está em aberto, a discussão é aberta e livre, o Comité Central escolherá a melhor.

Alkatiri já disse que aceitará a demissão, se o comité central o decidir...

Mari Alkatiri não aceita nada. Mari foi eleito pelo partido, portanto respeitará a decisão do Comité Central. Não é uma questão de aceitar ou não. Ele tem de cumprir as decisões do partido.

Quer comentar a declaração do Presidente?

Foi, de facto, muito dura. Fala de toda a história, de toda a luta que foi feita pela Fretilin, e por ele também, de toda a luta que tivemos nas montanhas contra a Indonésia. Ele sobreviveu, e foi a Fretilin que o nomeou para liderar a luta. Fiquei triste com algumas coisas que ouvi.

Qual é a intenção do Presidente?

O que o Presidente quis fazer foi convencer os nossos militantes a virarem-se contra a liderança da Fretilin. Mas não vai conseguir, vai ser muito difícil.

Quando esteve com Xanana, falou da declaração?

Ele disse-me que tinha de ser assim, que tinha de dizer as coisas abertamente. Eu respondi-lhe que só queríamos uma solução sem violência e que respeite a Constituição. Depois, pedi-lhe tempo para reunir o Comité Central e tomarmos a nossa decisão.

Este movimento é organizado?

É sistematizado, passo a passo. Tudo está a ser feito para provocar a demissão do Governo. Não é de hoje.

E se a pressão aumentar?

Chega a um ponto que não toleraremos. A qualquer momento a Fretilin pode encher Díli com 50, 60 mil manifestantes. A qualquer momento, sem violência reivindicando a nossa vontade política.

Isso seria uma situação explosiva...

Não acredito. Estes que andam por aí são miúdos, certamente recebem dinheiro ao fim do dia, recebem gasolina para os carros e comida. Hoje estranhei que alguns desses jovens levam bandeiras da Austrália.

Vão convocar uma manifestação?

Não. Vamos ver o que vai acontecer. Não queremos confrontos, estamos a tentar uma solução no quadro da legalidade democrática. Mas se for preciso, a qualquer momento, Díli estará cheia de manifestantes da Fretilin.

Sente-se seguro em sua casa?

Eu tenho seguranças em minha casa, mas aqui no bairro do Farol, onde vivem muitos ministros, não há australianos, quase nenhuns. Vão passando blindados, mas quando passam os manifestantes, já não se vêem blindados.

E a questão da distribuição de armas?

O que posso dizer é que a Fretilin nunca distribuiu armas a ninguém, e eu nunca permitiria uma coisa dessas. Só não percebo como é que há uma acusação tão grave contra o ex-ministro, que fica preso, e os homens que receberam as armas discursam ao lado do Presidente. JPF

a véspera de uma reunião que pode revelar-se decisiva para o partido e para o Governo, o presidente da Fretilin falou ao DN, na sua casa em Díli. Lu-Olo considera que se está perante um movimento organizado, passo a passo, para provocar a demissão do Governo e que Xanana pretende virar os militantes do partido contra a sua direcção.

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