"Padrão FIFA" leva com cartão vermelho
Sentado no sofá à espera de um Brasil-Alemanha, onde da seleção canarinha se adivinha futebol sem imaginação e da Mannschaft se espera jogo bonito, o melhor é, contradição por contradição, acompanhar o noticiário para lá do relvado. Lembram-se do secretário-geral da FIFA, há um ano, a tratar mal os indígenas? Jerôme Valcke, no Brasil, disse que perante o atraso da construção dos estádios e da falta de garantia de transportes razoáveis era preciso "dar um pontapé na bunda" aos brasileiros. Não foi tanto o uso das duas palavras que ofendeu os brasileiros. Pontapé, na pátria de Didi, é uma obra de arte como aquele remate que parte vigoroso e cai poeticamente como uma folha seca, enganando as bancadas e a sua vítima direta, o guarda-redes. Bunda, na pátria de Ipanema, é refresco para os olhos. Juntar duas belas palavras, pontapé e bunda, como sugestão de chicote é que ofendeu. Foi a partir daí que surgiram as manifestações contra a Copa, movidas pelo orgulho nacional ferido por estrangeiros virem falar e impor "o padrão FIFA" num país ainda tão carente de tudo. Mas dessas carências havia hábito, do que não se gostou, mesmo, foi ver o Governo de Dilma, ao qual se podia desculpar a ineficiência, aceitar ser cúmplice dos arrogantes gringos.
As questões práticas resolveram-se, os estádios ficaram prontos a tempo, mas a mágoa manteve-se. Porém, os patrões da FIFA não esperaram pela demora. Ontem, a polícia brasileira entrou no mítico Copacabana Palace e prendeu o britânico Ray Whelan, diretor da Match Services, sócia da FIFA. A empresa tem a exclusividade da venda em pacote dos bilhetes dos jogos do Mundial. Nos últimos anos, quando Jerôme Valcke andava a inspecionar as obras e a criticar os brasileiros, Whelan andava pelo país a passar a chancela aos hotéis oficiais, em nome da FIFA, outro dos atributos exclusivos da Match Services. Esta é controlada pela Infront, companhia que tem como um dos acionistas principais Phillip Blatter, sobrinho de Sepp Blatter, patrão máximo da FIFA.
Ray Whelan e mais dez - 11, evocador número... - foram presos e acusados de constituição de quadrilha para venda ilegal de bilhetes. No campeonato da corrupção, este Bra