"Os primeiros 20 anos são fáceis, depois temos de nos reinventar"
Vai fazer 50 anos no dia 15. É daquelas pessoas que faz balanços?
Pois é, aos 50 anos acho que abri muitas frentes, o meu medo é falhar em todas [risos]. Mas os 50 são diferentes mesmo, começam a doer as juntas, o joelho, o pé, sabia?
Que frentes são essas em que teme falhar?
Acabei agora o Tapas [a quinta temporada da série de humor Tapas & Beijos], um projeto maravilhoso, feito com amigos mas muito desgastante. O último capítulo vai ao ar no meu dia de aniversário, aliás, é karma. Por isso estou a pensar noutro livro, quero adaptar Machado de Assis para o teatro, voltar depois à televisão, enfim, muitas frentes.
Já foi premiada em Cannes, participou em filmes candidatos a Óscar, tem carreira longa na televisão é há pouco tempo colunista e escritora aclamada. Para quê tantas frentes?
Nós temos de estar sempre a reinventar-nos. Como diz a minha mãe [a atriz Fernanda Montenegro], os primeiros 20 anos são fáceis mas depois temos de nos reinventar, uma, duas vezes, ousar, mudar... e isso é que é difícil.
Falou da sua mãe, é o mote para lhe fazer uma pergunta pouco original: como foi, e é, ser filha de dois monstros sagrados?
Sou de uma família de circo, de facto. Não sei porque o meu pai [o falecido ator Fernando Torres] e a minha mãe decidiram ser atores, ele era filho de um médico e político, ela de um operário. O meu irmão [Cláudio Torres] tornou-se realizador e produtor, sou casada com um cineasta [Andrucha Waddington]. Sim, é uma família de circo. E é muito atraente o mundo do cinema e do teatro para um filho, entende?