"Não importa a idade: qualquer mulher pode dançar no varão"
"Uma boa música, um bom vinho, fechar os olhos e deixar-se levar é tudo o que é preciso para uma dança sensual". A garantia é dada por Romina, bailarina de dança no varão, responsável pelas seis aulas diárias do V Salão Internacional Erótico de Lisboa (SIEL) que abriu ontem na FIL, em Lisboa.
"Não importa a idade, a altura, o peso ou que o faz. Todas as mulheres podem dançar no varão" explica a brasileira, acrescentando que não é difícil aprender esta arte. "Só ajudo cada mulher a libertar a sensualidade que já possui".
Dito assim parece fácil, mas, na realidade, não é. Romina tem formação em ballet clássico e dedica-se à dança no varão há dez anos. Foi uma amiga que lhe falou na oportunidade de dançar e ganhar muito dinheiro. "Ela disse-me: 'Só tem um pormenor, tem de despir a roupa'". Romina não se incomodou, vem do país do Carnaval, onde o "nu é artístico". A mãe, bancária, aceitou a escolha. O pai só no ano passado soube a profissão da filha e preferia que tivesse acabado o curso de direito. Mas Romina não pensa voltar à faculdade. "Vou trabalhar mais cinco anos e depois volto à minha terra e abro uma Escola de Dança" conta através das lentes de contacto azuis.
Muda-se a cor dos olhos, ganha-se mais dez centímetros de altura com os saltos e reduz-se a quantidade de roupa. Assim se cria a personagem que sobe ao palco e faz concentrar à sua volta os poucos visitantes que ontem apareceram na abertura do evento, onde a organização espera ter 20 mil visitantes até domingo. Eram sobretudo homens, mas também casais e mulheres.
Uma delas é Chris, londrina de 33 anos que está em Lisboa, de visita e decidiu vir com duas amigas. "Nunca tinha estado num evento destes" conta. Mas o espectáculo que observa não é novidade. "Tenho aulas de dança no varão todas as semanas. A diferença é que não tiro a roupa" explica.
Foi a curiosidade que a levou, há três anos, a procurar as aulas. Depois descobriu que se sentia mais confiante e "acabou por se tornar viciante" revela. Mas ontem acabou por não fazer a aula de Romina, por não poder esperar até ao final da tarde.
É a confiança da brasileira que Ana, de 18 anos, confessa procurar. Larga a mão do namorado e confidencia ao DN: "Eu quero fazer-lhe uma surpresa. Já há um tempo que quero aprender, já combinei com uma amiga. Estamos só à procura do melhor curso". E, depois de saber dos workshops dados por Romina, fica interessada. "Gostava de experimentar!", diz entusiasmada. Mas ao saber que o primeira aula só começa às 19.00 desanima. "O meu pai não sabe que vim e depois do trabalho é capaz de cá passar", confessa.
São poucos os visitantes que ao início da tarde passeiam no recinto da FIL. "Cheguei às 14.00 e ainda estavam a montar os stands. Os espectáculos não têm nada de novo. Acho que vinte euros é demais" afirma uma psicóloga de 37 anos.
A opinião é partilhada por outros visitantes do espaço com quem o DN falou. Mas para Joaquim Tavares, que ontem dirigia o stand de material erótico da loja Afrodite, o preço é justo. "Não acho que seja caro. As pessoas não sabem o trabalho que dá ter todas estas lojas e actividades no mesmo espaço, ao mesmo tempo".