"Garantia de multibanco grátis é uma vitória"
Dentro da área financeira, os meios de pagamento são também um segmento que suscita muitos problemas e muitas queixas. Tem havido melhorias?
Ter-se a garantia de que o multibanco não será pago é uma vitória muito interessante.
Julga que é uma garantia segura?
Bom, existe sempre uma dialéctica… Para já, é uma conquista muito importante e exemplar. Está escrito na lei. E pensamos que é a situação justa, tendo em conta como o multibanco evoluiu. A banca tentou várias vezes encontrar aqui uma forma de financiamento. Mas a situação actual é justa.
Para todos os meios de pagamento?
Continuamos a pensar que as comissões por transferências e pagamentos no estrangeiro ainda são elevadas. Por exemplo, o meu filho está na Suécia, e eu estou a tentar perceber se, colocando aqui em Portugal dinheiro na conta dele, paga comissão por o levantar na Suécia. Estou a fazer este teste, mas ainda não tenho a certeza de que não se paga nada, porque o extracto de conta não é imediato. Mas o que quero dizer, com este exemplo, é que não é claro, de acordo com as informações que recebi de dois bancos, se ele vai ou não pagar por utilizar o multibanco naquele país.
Mas, segundo as regras em vigor, não paga?
Exactamente. Mas pode haver aqui a componente cambial, uma vez que a Suécia não está no euro.
Mas sendo Portugal um dos dois únicos países da Europa onde não se paga taxa multibanco, não poderá haver mudanças no futuro?
A gratuitidade resulta da forma como o sistema foi implementado em Portugal e dos benefícios que trouxe para a banca. O multibanco foi criado em todos os bancos ao mesmo tempo, com uma única rede, enquanto noutros países cada banco criou um sistema, e quando tiveram de se juntar e acertar uns com os outros, o serviço teve de ser pago. Por outro lado, a banca portuguesa melhorou substancialmente os seus custos com o multibanco, dispensando imensa gente e melhorando procedimentos. Lucrou e continua a lucrar, aumentando o número de serviços que as máquinas oferecem. A situação é justa para as três partes que usufruem do sistema: bancos, comerciantes e consumidores.
O Internet banking também começou sem custos. Lentamente, os bancos começam a introduzir comissões. Como é que vê esta situação?
É uma área ainda no início. O comum dos cidadãos ainda não utiliza este canal. Preocupam-nos em primeiro lugar as questões de segurança, porque periodicamente surgem fraudes. Mas é extremamente cómodo para os consumidores. Quanto às taxas, pensamos que a concorrência tem de funcionar, e esperamos que os bancos internacionais tragam alguma lufada de ar fresco nesta matéria.
Como?
Quando comparamos taxas e juros cobradas em Portugal, verificamos que são muito idênticos. Mas quando comparamos com as praticadas no estrangeiro, são completamente diferentes. Quer ver um exemplo? Em Portugal operam muitas empresas estrangeiras, essencialmente francesas, de crédito directo. Os juros que praticam em França são muito mais baixos do que os que se praticam cá. Mesmo com o tecto máximo criado pelo Banco de Portugal (infelizmente ainda muito alto, na nossa opinião). Será que a incerteza do mercado português é tão diferente do francês? Como digo, a utilização da Internet pode vir a melhorar este aspecto.