"Foi uma fadiga dos metais que fez cair o Muro", afirmou, considerando que os países ocidentais e a NATO, adversários da antiga União Soviética e seus aliados, tiveram em 1989 "uma visão exagerada dos acontecimentos".. Adriano Moreira intervinha no seminário "A Queda do Muro de Berlim - 20 anos depois", promovido pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.. "Os ocidentais acharam que ganharam a guerra, mas limitaram-se a não perder a guerra", adiantou..O antigo ministro do Estado Novo aludia ao desmoronamento do "bloco comunista", em 1989, pondo fim à Guerra Fria que opunha os Estados Unidos da América e a União Soviética desde 1945.."Os impérios têm a fadiga dos metais", disse, desvalorizando o papel da América e dos seus aliados ocidentais no processo que levou à queda do Muro de Berlim, que separava a República Federal Alemã (RFA) da República Democrática Alemã (RDA)..Actualmente, segundo a teoria formulada por Adriano Moreira sobre o fim dos impérios, também "os Estados Unidos estão a começar a sentir a fadiga dos metais".."O grande objectivo" dos alemães da RDA (comunista) "era a liberdade, não era a integração" na RFA..Para Adriano Moreira, há 20 anos "o poder da palavra desafiou a palavra do poder", impondo a reunificação das duas Alemanhas..O sociólogo José Manuel Pureza, por seu turno, defendeu que a queda do Muro de Berlim "não terminou com a bipolaridade entre ricos e pobres, antes a reconfigurou de maneira sofisticada".."Os países mais pobres, do Terceiro Mundo, estão hoje mais sós. Não estamos a dizer que as antigas companhias eram boas ou más", referiu..José Pureza, professor de Relações Internacionais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, realçou que "existe hoje um mundo pobre atomizado"..Na sua opinião, a queda do Muro de Berlim terá, assim, significados diferentes em função das diversas regiões do mundo onde é assinalada.."Estaríamos a pensar noutras ópticas, até noutras éticas, se esta sessão fosse num país centro-africano ou do Sudeste Asiático", acentuou o deputado do Bloco de Esquerda..O embaixador Fernando Manuel da Silva Marques, que deveria dissertar sobre "A queda do muro. Um testemunho 20 anos depois", não pôde comparecer por razões de saúde.