"Cunha" da mulher de Durão deu uma casa em cinco dias
Margarida Sousa Uva, mulher de Durão Barroso, conseguiu que a Câmara de Lisboa desse, no espaço de “cinco dias últeis”, uma casa a uma mulher que consigo frequentava a mesma paróquia. O caso está relatado na acusação sobre o processo das casas da CML. A mulher do presidente da Comissão Europeia disse no processo que tratou do assunto por questões de “humanidade”, mas a Polícia Judiciária realça que havia casos mais prioritários.
O caso diz respeito a atribuição de um T4 na Rua Álvaro de Castro a uma mulher que residia na casa da mãe, juntamente com quatro filhos. Margarida Sousa Uva disse ter contactado Helena Lopes da Costa, a ex-vereadora acusada de 22 crimes de abuso de poder, de forma a encontrar uma solução para a família. O que foi feito em cinco dias.
Porém, segundo Isabel Rebocho, téncica da CML que integrou o gabinete de Helena Lopes da Costa, o caso daquela mulher enquadrava-se como “carência económica e não carência habitacional”, lê-se no relatório final da judiciária. Aliás a mesma técnica, que também está acusada no processo, confrontada com os documentos do caso manifestou “surpresa com tal facto, já que não é uma situação habitual” tal celeridade é dispensada, segundo disse, a “situações de gravidade ou urgência extrema o que, reconhece, não é manifestamente esse o caso”.
Concluiu o MP: “As arguidas ao assim decidirem atribuir habitação à munícipe Amélia Correia, agiram querendo desse modo conceder-lhe uma vantagem que lhe não era devida, consubstanciada na atribuição de uma habitação municipal, o que concretizaram, sabendo que com tal vantagem lhe conferiam um beneficio ilegítimo e que prejudicavam os munícipes com graves carências económicas e habitacionais em situação de lhes ser legitimamente entregue um fogo para sua habitação”
A Judiciária questionou ainda a celeridade dada a este processo de atribuição de casa, contrapondo com outro: o de um agregado composto por cinco pessoas (pai, mãe e três filhos, a mais nova com 22 meses e com uma doença motora congénita) cujo rendimento mensal era de 600 euros.
Esta família pediu uma casa à autarquia de Lisboa. A resposta foi “não ser possível atender ao seu pedido, visto a sua situação não se integrar nos programas prioritários em curso, bem como devido à actual escassez de fogos (...).