Fernando Barros trabalhava na Jodicar há 17 anos e, embora o salário não fosse muito elevado, até Maio do ano passado nunca teve grandes razões de queixa do patrão, que até pagava o subsídio de férias em Maio e o de Natal em Outubro. Em Maio, a empresa não pagou os salários aos trabalhadores, por alegadas dificuldades financeiras, mas comprometeu-se a liquidar a dívida em três tranches nos meses seguintes. Cumpriu. Só que a partir de Outubro a Jodicar deixou de pagar e, por indicação do sindicato do sector, os funcionários começaram a suspender o trabalho. Fernando Barros foi um deles. Agora, com o fecho da fábrica, diz que não vai esperar que o fundo de desemprego lhe arranje emprego. "Sou uma pessoa dinâmica, tenho 41 anos e por isso vou procurar trabalho", garante. Até porque todos os meses há contas para pagar e essas, infelizmente, não se compadeçam com estas situações. "Foram muitos anos a trabalhar aqui e custa muito ver isto fechar", lamenta. Fernando Barros diz que os trabalhadores até foram tendo pena do patrão, mas "nós também temos de comer e por isso avançamos para esta decisão de rescindir contratos", explica. Agora aguarda que a vida lhe sorria novamente e que o tempo de espera por um novo trabalho não seja muito longo.