"Alberto João Jardim dá muito ânimo ao desfile de Carnaval"

João Atanásio, professor de Música e fundador da Turma do Funil (Madeira)<br />
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Desde 1988 que anima o Carnaval da Madeira. Como surge a Turma do Funil?

Nasceu há 23 anos, em Câmara de Lobos, através de um grupo coral que participava nas inaugurações e campanhas eleitorais do presidente do Governo. Na altura, falei com o secretário regional do Turismo, João Carlos Abreu, na eventualidade de formarmos uma trupe de Carnaval, e ele aceitou.

O Presidente do Governo Regional começou logo a desfilar pelas vossas cores?

Não. O dr. Alberto João Jardim desfilava pela Frou Frou, grupo que se desfez. Câmara de Lobos era e ainda é uma terra desfavorecida. No tempo do fascismo, tinha o Bairro do Ilhéu, o mais pobre de Portugal. Talvez por isso, o senhor presidente tivesse logo manifestado o desejo de desfilar connosco, ao lado de pessoas simples e sem meios.

Entretanto, Alberto João Jardim deixou de pisar a avenida. A Turma do Funil perdeu a "estrela" da companhia. Ficou triste?

Muito. Ele sentiu-se cansado e abandonou. A idade conta, não é? Há três anos esteve connosco antes de o corso carnavalesco arrancar para a estrada para tomar um copo com os amigos, alguns deles membros do seu Governo. Em cima da hora, apeteceu- -lhe voltar a desfilar. Como tinha decidido que não o fazia mais, não tinha mandado fazer o fato. Mesmo assim, havia um figurante com o corpo parecido ao dele que lhe cedia o fato… mas era um fato de músico. Achei que o dr. Jardim merecia melhor. E ele concordou.

E, este ano, que traje vai oferecer--lhe?

De navegador, o grande Vasco da Gama. Mas vai depender da vontade dele e do entusiasmo do momento. Há muita gente do Continente que vem ao Funchal só para o ver na rua. As pessoas gostam. Ele dá muito ânimo e é muito divertido. [Jardim surpreendeu desfilando ontem à noite]

As trupes são subsidiadas. Quanto recebe?

Somos oito e o subsídio é igual para todas, 35 mil euros. A amizade que tenho pelo dr. Jardim não interfere nestas coisas.

Em termos de imagem pode ser negativo. Lembro-me da famosa fotografia em cuecas.

Isso foi um escândalo para a organização. O desfile partia do Conservatório de Música. Havia ordens para não entrarem pessoas estranhas. Só que alguém se infiltrou. Foi uma chincalhada. Quiseram atingi-lo. Mas o dr. Jardim, tal como qualquer pessoa, tem o direito de se divertir. Ele é presidente do Governo na Quinta Vigia [sede de Governo]. Na rua é um igual aos outros. É assim que o vemos. E que ele se vê. Portanto, não vale a pena virem com críticas ou invejas.

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