"A vida de um actor só vale a pena quando é feita na corda bamba"
O que é que o público pode esperar do filme Marginais?
É um filme comercial e divertido, mas light na perspectiva dramatúrgica. É um filme de consumo rápido, o que significa que não foi idealizado para as pessoas saírem da sala de cinema a pensar no valor da vida.
Como foi participar num projecto com um apoio financeiro tão escasso?
Quando existe força de vontade que implica empenho, humildade, sacrifício e imaginação, as coisas acontecem. Achámos por bem que teríamos o dinheiro suficiente, não havia mais, e com o pouco que tínhamos creio que conseguimos fazer um bom filme.
As filmagens duraram apenas 25 dias. Gostava de ter tido mais tempo?
A vida de um actor só vale a pena quando é feita na corda bamba, digo isto por experiência própria. As dificuldades ajudam um actor a conhecer os diferentes estados emocionais a que a vida nos leva.
Essa fragilidade não o fez pensar duas vezes antes de aceitar este trabalho?
Quando o Hugo Diogo [realizador] veio falar comigo sobre este projecto eu gostei da história. Ele explicou-me desde logo as condicionantes, mas disse-me também que havia toda uma equipa com vontade de trabalhar. E isso é meio caminho andado.
A sua personagem, Carlos, tem uma relação conflituosa com o irmão, Lucas [Fernando Martins]...
Na verdade, o Carlos nunca conseguiu perdoar o irmão por este ter causado a morte involuntária da mãe num acidente de carro. Então decide afastar-se dele.
No filme interpreta um professor que dá aulas de artes marciais...
O Carlos tem uma escola de combate onde dá aulas a vários alunos. Ele começa por os ajudar a defenderem-se e, com o passar do tempo, coloca-os a participar em lutas de rua ilegais, à noite, para ganhar mais algum dinheiro.
Como é que se preparou para este papel? Na vida real pratica algum desporto de combate?
Pratiquei karaté quando era miúdo, durante dois anos. A minha irmã foi até ao cinturão castanho, eu fiquei pelo amarelo. E demorei muito a fazê-lo porque queria ir para a praia e jogar à bola (risos). Também pratiquei luta greco-romana, mas foram coisas que eu nunca acabei. Hoje, devido à minha profissão, torna-se impossível pertencer a um grupo.
Gostava de apostar numa carreira internacional?
Se Deus quiser. Não a descuro, estou sempre a trabalhar para ela. Contactos com produtoras internacionais existem, mas é uma questão de encontrar uma oportunidade para poder agarrá-la.