Argo vence em direto da Casa Branca
"Argo" foi o vencedor da 85ª edição dos Óscares, ao arrecadar três estatuetas para Melhor Filme, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Som. Ang Lee venceu na categoria de Melhor Realizador, com "A Vida de Pi", filme que ganhou mais três prémios, e Daniel Day-Lewis levou para casa o Óscar de Melhor Ator graças à sua prestação em "Lincoln". "Os Miseráveis", que estava nomeado para cinco Óscares, venceu em três categorias, entre as quais Melhor Atriz Secundária (Anne Hathaway).
Numa edição dedicada ao cinema musical, a festa começou por ser de Seth MacFarlane. O apresentador de serviço cedo mostrou os seus dotes vocais, ao dedicar às atrizes presentes a música "We saw your boobs", num dos momentos mais divertidos da noite. Considerado por muitos uma escolha arriscada, o criador da série "Family Guy", politicamente incorreto, não poupou ninguém. "Argo tem uma história tão top secret que até o realizador é desconhecido da academia", disse, aludindo ao facto de Affleck não estar nomeado para Melhor Realizador. "Eles é que fizeram asneira, a culpa não é tua."
A história do resgate de seis americanos durante a revolução do Irão tornou-se assim o primeiro filme da história dos Óscares a receber a estatueta de Melhor Filme sem que o seu realizador estivesse indicado para o prémio. O prémio foi anunciado diretamente da Casa Branca, onde Michelle Obama abriu o envelope dourado a pedido de Jack Nicholson, no palco Dolby Theatre.
O primeiro vencedor a subir ao palco, e uma das primeiras surpresas da noite, foi Cristoph Waltz. O austríaco, que há dois anos havia vencido com "Sacanas sem Lei", também de Quentin Tarantino, recebeu o galardão de Melhor Ator Secundário, pelo seu papel em "Django Libertado", contrariando as expetativas que atribuíam o prémio a Tommy Lee Jones. "Quentin escreve poesia e eu gosto de poesia", disse o Waltz.
O western spaghetti, que tinha sido premiado nos Globos de Ouro e Bafta, valeu a Tarantino o Óscar de Melhor Argumento Original, batendo candidatos como "00:30 - A hora negra", escrito por Mark Boal. "Quero agradecer aos meus atores. É realmente por eles que estou aqui. Só tenho uma chance de acertar. Tenho de escolher as pessoas certas para dar vida às personagens e esperar que vivam por muito tempo. E desta vez acertei", disse o realizador, que já havia ganho a mesma estatueta com "Pulp Fiction".
Numa edição que prestava tributo aos 50 anos de James Bond, a atuação mais aguardada da noite pertenceu a Adele, que interpretou "Skyfall", tema que dá nome ao 23º filme do agente secreto criado por Ian Flemming. A cantora britânica havia ainda de subir ao palco mais uma vez para receber o Óscar de Melhor Canção Original, num agradecimento emocionado, com lágrimas e sorrisos à mistura.
"Amor", do austríaco Michael Haneke, venceu o prémio de Melhor Filme em Língua Estrangeira, concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, numa noite sem sobressaltos de registo - para além de uma atrapalhada subida ao palco da vencedora do Óscar de Melhor Atriz e de algumas piadas de Seth MacFarlane. Jennifer Lawrence, que no ano passado tinha estado nomeada graças ao filme "Despojos de Inverno", tropeçou no vestido quando se preparava para receber a estatueta de Melhor Atriz, pela sua participação em "Guia Para um Final Feliz".