Albuquerque diz que situação política na Madeira "parece filme surrealista"
O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, assegurou hoje que o executivo minoritário social-democrata não se demite caso o Orçamento da região para 2025 seja chumbado, e considerou que a situação política no arquipélago parece um "filme surrealista".
"Se o Orçamento for chumbado, o Governo não tem que se demitir, nem se vai demitir. Se o Orçamento for chumbado, nós vamos assacar as responsabilidades pela paralisia económica e social da região a quem assume esse chumbo", disse, vincando que, em democracia, "quem toma decisões tem de ser responsabilizado".
"Não vale a pena andarmos a torturar os factos. Os factos são estes: nós precisamos, neste momento, de um Orçamento aprovado", afirmou Miguel Albuquerque e enumerou vários investimentos que serão penalizados caso o documento seja rejeitado no parlamento regional, onde será debatido entre segunda e quarta-feira.
O chefe do executivo madeirense acusou, por outro lado, a oposição regional de fazer uma "leitura de ficção" do atual contexto político, marcado pelo Orçamento para 2025 e seis dias depois, em 17 de dezembro, pela moção de censura apresentada pelo Chega, cujo grupo parlamentar é composto por quatro deputados.
"O que se está a assistir, neste momento, parece um filme do Fellini. Eu até fico confuso. Eles, dentro dos próprios partidos, não se entendem", disse, referindo-se à possibilidade avançada hoje pelo DN/Madeira de a deputada do Chega, Magna Costa, se abster na votação.
Albuquerque considerou também que o debate da moção de censura uma semana após a votação do Orçamento se assemelha a uma fase de surrealismo no cinema.
"Antecipar o Orçamento, adiar a moção de censura, aprovar o Orçamento e deitar o governo abaixo é, de facto, digno de um filme surrealista", disse, vincando que a situação é "ridícula", mas também "trágica".
O presidente do executivo insular disse ainda que a Madeira precisa de "estabilidade, tranquilidade e previsibilidade" e que está em causa o "futuro das famílias, dos agentes económicos, das empresas".
"Durante anos e anos andaram a dizer que a Madeira precisava de pluralismo, que as maiorias absolutas eram nefastas para o futuro da Madeira. O que é que os madeirenses já perceberam? Já perceberam que com esta gente que está à frente dos partidos da oposição, o que é nefasto para o futuro da Madeira é não haver maiorias estáveis", afirmou.
"Não podemos continuar nesta situação, onde de manhã dá na cabeça de um líder partidário deitar um governo abaixo", reforçou.
Em 22 de novembro o Governo Regional entregou na Assembleia Legislativa as propostas de Orçamento para 2025, no valor de 2.611 milhões de euros (ME), e de Plano de Investimentos, orçamentado em 1.112 ME, os valores "mais elevados de sempre".
O debate decorre entre segunda e quarta-feira e os documentos não têm aprovação garantida, sendo que o PS, o maior partido da oposição regional, com 11 deputados, e o Chega já anunciaram o voto contra.
Já a moção de censura, a confirmarem-se as intenções de voto divulgadas, será aprovada pelo Chega, PS, JPP e IL, que juntos têm maioria absoluta.
O parlamento da Madeira conta ainda, além do PSD, com o CDS-PP e o PAN.
A aprovação da moção de censura implica a demissão do Governo Regional e a permanência em funções até à posse de uma nova equipa.