Gouveia e Melo a bordo do submarino Arpão em missão no Ártico
Gouveia e Melo a bordo do submarino Arpão em missão no ÁrticoMarinha Portuguesa

Gouveia e Melo quatro dias submerso em missão histórica de submarino português no Ártico

NRP 'Arpão', da Marinha portuguesa, navegou pela primeira vez debaixo de gelo, colocando Portugal como primeiro país a fazê-lo com um submarino convencional
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Com o chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Gouveia e Melo, a bordo de uma missão histórica da Marinha portuguesa, o submarino 'Arpão' navegou submerso por debaixo da placa de gelo polar na Gronelândia, durante cerca de quatro dias. De acordo com a Marinha, com este feito, Portugal torna-se o primeiro país a usar a navegar nessas condições com um submarino convencional, juntando-se a um grupo restrito de nações que operam debaixo de gelo: as potências EUA, Reino Unido e Rússia, mas estas com submarinos nucleares.

Concluída a primeira missão de patrulha de 22 dias ao serviço da NATO, na “Operação BRILLIANT SHIELD”, o NRP Arpão, submarino português, atracou no porto de Nuuk, na Gronelândia, onde fez então história ao navegar debaixo da placa de gelo Ártico.

Submarino Arpão da Marinha portuguesa

A "Operação Ártico 2024", que teve sete meses de preparação, contou com o apoio de Marinhas internacionais, como a US NAVY, através do Artic Submarine Lab (ASL), e das Marinhas da Dinamarca e Canadá.

Segundo comunicado da Marinha, o submarino "Arpão" esteve, inicialmente, 39 horas e 30 minutos em imersão profunda sob o gelo, passando depois a fazer a exploração operacional debaixo da placa gelada do Ártico.

No total, foram quatro dias debaixo do gelo, com a tripulação portuguesa a testar depois operações numa zona de transição entre o gelo e águas mais limpas. Essa zona, apurou o DN, permite colocar os mastros de fora, embora seja mais arriscada por estar cheia de pequenos icebergs.

A missão portuguesa fez aberturas naturais na placa, para uma possível emersão de emergência, monitorizando a largura da placa e a densidade de gelo. Após a conclusão desta última fase, a 3 de abril, o navio voltou à superfície em segurança.

Submarino Arpão da Marinha portuguesa

Durante a missão, o Arpão passou o "mítico paralelo 66º33'N, que marca a fronteira do Círculo Polar Ártico, algo que à semelhança da passagem do Equador, é uma marca relevante para todos os marinheiros", destaca a Marinha, assinalando que "esta marca ainda não tinha sido alcançada pelos submarinistas portugueses".

"Para que fosse possível cumprir com o desígnio de navegar debaixo do gelo, foi necessário um intenso período de preparação e estudo, em que a guarnição quase que teve que “reaprender” a operar o navio, uma vez que a navegação submarina nas altas latitudes apresenta condições ambientais, sonoras e perigos à navegação, como a existência de Icebergs e gelo solto obrigando assim a adaptar muitos dos normais procedimentos e técnicas normalmente usadas pelos submarinos, quando a navegar em latitudes mais baixas", refere o comunicado da Marinha.

"Com a conclusão desta missão o NRP Arpão tornou-se, se não no primeiro, num dos muito poucos submarinos convencionais a navegar debaixo do gelo, uma área normalmente reservada aos submarinos de propulsão nuclear. Permaneceu debaixo da placa de gelo num total de cerca de quatro (4) dias, tendo também explorado a operação na Marginal Ice Zone , com grande densidade de gelo solto, zona essa com elevado valor tácito, área em que nenhum outro submarino do ocidente se atreveu a operar, desde a II grande Guerra, com total sucesso", acrescenta o comunicado.

A cerca de 3000 metros, a placa de gelo ártica sob a qual navegou o Arpão

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