Possível “erro humano” no choque de aviões no Japão
Os especialistas falam de uma evacuação “milagre” do Airbus A350 que irrompeu em chamas após embater num avião da Guarda Costeira durante a aterragem no aeroporto de Haneda, em Tóquio. Todas as 379 pessoas a bordo, incluindo oito crianças, conseguiram sair do aparelho, tendo havido apenas 14 feridos ligeiros. O “milagre” só não é maior porque cinco das seis pessoas a bordo do Bombardier Dash-8, que se preparava para levar ajuda para a zona afetada pelo sismo da véspera, morreram. O sexto, o piloto, está ferido com gravidade. As causas do acidente estão a ser investigadas, mas um perito fala em possível “erro humano” nas comunicações.
O avião da Japan Airlines, vindo de Sapporo, no norte de Japão, estava a aterrar pouco antes das 18.00 locais numa das quatro pistas do aeroporto quando embateu no outro aparelho, que se preparava para descolar com destino a Niigata. A primeira indicação é que ambos receberam autorização da torre de controlo, estando as comunicações dos dois aparelhos a ser investigadas. A Airbus também enviou uma equipa de especialistas para ajudar no inquérito. Os aviões incendiaram-se de imediato, tendo sido preciso mais de seis horas para apagar as chamas.
“Não parece haver dúvida que estamos na presença de um erro humano. Falta saber qual e de quem. Se foi o controlador que estava de serviço ou se foi algum dos pilotos que interpretou mal as instruções que lhe foram dadas”, disse ao DN o antigo comandante da TAP, José Correia Guedes. Quanto à retirada dos passageiros e tripulantes do avião da Japan Airlines apelidou-a de “quase milagrosa”.
Após embater no aparelho mais pequeno, o piloto do avião comercial conseguiu parar o Airbus A350, com os 367 passageiros e 12 tripulantes a abandonarem a cabine, que se enchia de fumo, pelas saídas de emergência dianteiras. O sistema de comunicações a bordo não funcionou, pelo que os tripulantes usaram megafones para dar as suas instruções. Segundo os bombeiros, 14 pessoas sofreram ferimentos ligeiros, incluindo queimaduras, tendo quatro sido hospitalizadas.
“Ouvi uma explosão cerca de dez minutos depois de toda a gente sair do avião”, disse à Reuters um passageiro de 28 anos. “Só posso dizer que foi um milagre, podíamos ter morrido se nos atrasássemos”, acrescentou. “A tripulação de cabine deve ter feito um excelente trabalho. Foi um milagre que todos os passageiros tenham saído”, disse por seu lado Paul Hayes, diretor da consultora de segurança aérea britânica Ascend by Cirium.
No avião da Guarda Costeira a situação foi diferente, só tendo sobrevivido o piloto, que foi retirado do aparelho com ferimentos graves. “O comandante conseguiu escapar, mas as outras cinco pessoas a bordo morreram”, declarou o ministro dos Transportes japonês, Tetsuo Saito. O aparelho ia levar ajuda para a zona afetada pelos vários sismos que se sentiram nos últimos dias, o principal de magnitude 7,6. O terramoto, que levou a emitir um alerta de tsunami que previa ondas até aos cinco metros de altura, causou a morte a pelo menos 57 pessoas, mas teme-se que o número ainda possa aumentar, devido às dificuldades em alcançar a zona afetada.