Das sirenes aos sinais: Lisboa já tem um sistema de alerta em caso de tsunami
Uma sirene sonora ouve-se na Praça do Comércio. Segue-se uma voz, que ecoa nos edifícios e deixa o alerta: “Tsunami. Alerta, tsunami.” É sinal de que o sistema está a funcionar. O percurso até à zona segura mais próxima, o Rossio, é feito a pé pela Rua Augusta. Para já, é apenas um teste, mas a esperança é que, se chegar a ser acionado numa situação real, não existam falhas.
Apresentado esta sexta-feira, por ocasião do Dia Internacional da Proteção Civil, o sistema de aviso e alerta de tsunami no estuário do Tejo está a ser instalado, de forma faseada, ao longo de toda a zona ribeirinha de Lisboa. É constituído por sirenes - instaladas na Praça do Império (em Belém) e na Ribeira das Naus (Praça do Comércio) - e por sinais colocados em zonas estratégicas, alertando para o risco de tsunamis.
Desde Santa Apolónia a Belém, há também corredores de evacuação previamente definidos, que desembocam em pontos de encontro. Com recurso a uma estimativa da zona alagada em caso de inundação, a equipa projetou onde devem ser estas zonas seguras, e definiu seis: Jardim de Santa Catarina (ou Jardim do Adamastor), Praça Luís de Camões, Rossio, Praça da Figueira, Rua da Madalena e Rua do Museu de Artilharia (perto do Panteão Nacional.
Na sessão de apresentação, Margarida Castro Martins, diretora da Proteção Civil de Lisboa, explicou que a cidade se encontra “numa zona suscetível”, com risco sísmico elevado a muito elevado. Recordando os três sismos que geraram tsunamis na costa portuguesa (1531, 1755 e 1966), a responsável explicou à plateia em que consiste este fenómeno, mostrando os efeitos que pode ter em estruturas próximas das zonas de água.
Margarida Castro Martins assumiu que a cidade tem “alguns constrangimentos” do ponto de vista do ordenamento do território e isso, em situação de emergência, pode representar uma barreira.
IPMA dá primeiro alerta
Em caso de tsunami, o primeiro alerta será emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que monitoriza o geodinamismo e tem uma rede de sismógrafos a nível nacional. A partir daí, é alertada a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), que, através do centro de controlo (localizado na serra de Monsanto) emite o alerta de tsunami para o sistema sonoro. Mas Margarida Castro Martins assume que este sistema, só por si, “não é suficiente”. Então, a intenção é também implementar, em paralelo, o plano de evacuação da frente ribeirinha da cidade.
Caso se verifique a situação de emergência, a estratégia a adotar é “procurar edifícios altos, que permitam a evacuação vertical [em altura]”. “Esse trabalho [de procurar edifícios altos nas imediações] tem sido feito e entidades como o Centro Cultural de Belém ou a Fundação Champalimaud já foram contactadas” para integrarem o plano de emergência sísmica. Margarida Castro Martins assegura que o trabalho será feito entre entidades, desde a Polícia Municipal até ao Regimento de Sapadores de Bombeiros.
O DN sabe que este sistema, entre colunas, trabalhos de implementação, sirenes e sinalética terá um custo de 50 a 60 mil euros por cada local.