Routh numa manifestação em Kiev, em abril de 2022.
Routh numa manifestação em Kiev, em abril de 2022.AFPTV / AFP

De supercidadão a apologista da morte de Trump

Distinguido aos 25 anos pela polícia, Ryan Wesley Routh colecionou depois processos, voltou-se contra o ex-presidente republicano e andou pela Ucrânia.
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O homem suspeito de ter estado com uma Kalashnikov nas imediações do campo de golfe enquanto Donald Trump jogava, no domingo, foi acusado de dois crimes federais no dia seguinte, no mais recente capítulo de uma vida acidentada. Presente a um juiz federal em West Palm Beach, Florida, Ryan Wesley Routh, de 58 anos, terá de responder por posse de arma de fogo por parte de um indivíduo condenado, e posse de arma de fogo com número de série apagado. Se for condenado, a pena máxima pelo crime mais grave é de 15 anos de prisão. Ao juiz, Routh disse ter um rendimento semanal de 3000 dólares, mas não disse do quê e declarou também não ter qualquer dinheiro, nem propriedades.

Natural da Carolina do Norte, Routh tem um cadastro criminal repleto. Segundo a NBC News, registos do tribunal mostram que foram apresentadas mais de 100 acusações criminais contra ele naquele Estado. Em 2002 foi acusado, em dois processos diferentes, por posse de arma de destruição maciça (uma metralhadora); do primeiro caso só é público que se declarou culpado; do segundo, a acusação foi retirada, mas declarou-se culpado de condução sem carta e sem documentos, de resistência à autoridade e de porte de arma, depois de se ter barricado num edifício. Contraste com um Ryan Routh que, aos 25 anos, foi distinguido com a designação de “supercidadão” pela delegação de Greensboro de um sindicato da polícia por ter prestado ajuda a uma mulher a defender-se de um violador, noticiou à época o jornal local, News & Record, segundo o The Washington Post.

Routh foi citado em várias entrevistas depois de ter ido para a Ucrânia em 2022. Queixou-se dos obstáculos de Kiev em aceitar combatentes estrangeiros -- sugeriu a integração de afegãos -- e da falta de liderança norte-americana.

Em 2020, na conta do Twitter de Routh, que entretanto se mudou para o Havai, mostrou-se dececionado pelo mandato de Trump, em quem tinha votado. Mas também se mostrava crítico de Biden, declarando apoiar Bernie Sanders. Num livro eletrónico por si assinado (Ukraine’s Unwinnable War, ou seja, a guerra impossível de vencer da Ucrânia) em 2023, lamenta ter contribuído para eleger um presidente “acéfalo” e declara: “São livres de assassinar Trump, tal como a mim, por esse erro de julgamento e pelo desmantelamento do acordo [nuclear]”, numa passagem sobre o Irão.

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