Coletivo Humans Before Borders classifica operação no Martim Moniz como ataque racista
Carlos Carneiro / Global Imagens

Coletivo Humans Before Borders classifica operação no Martim Moniz como ataque racista

Considera que se trata de "mais um ataque aos direitos de migrantes em Portugal por parte de um governo que, desde que tomou posse, insiste em colar a migração à criminalidade".
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O Coletivo HuBB - Humans Before Borders repudiou esta sexta-feira a operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, considerando que se tratou de um ataque de cariz racista aos migrantes que frequentam aquela zona da cidade.

Em comunicado, o movimento, que junta voluntários que lutam pelos direitos dos refugiados e migrantes, considera que a operação policial, que bloqueou a Rua do Benformoso e "encostou dezenas de residentes e transeuntes à parede" não é uma situação isolada.

"Esta operação acontece como apenas a última de uma série de agressões por parte das autoridades portuguesas a pessoas migrantes e em situação de sem-abrigo naquela zona da cidade, das quais se destacam a operação de fiscalização da PSP e ASAE com o objetivo alegado de 'combater a perceção de insegurança entre os cidadãos' e as várias remoções de tendas ao longo da Avenida Almirante Reis", escreve o movimento.

Considera que se trata de "mais um ataque aos direitos de migrantes em Portugal por parte de um governo que, desde que tomou posse, insiste em colar a migração à criminalidade".

O ativista do Coletivo HuBB Miguel Duarte, citado no comunicado, considera que esta tentativa de relacionar a migração à criminalidade "é uma mentira descarada" e "não é inocente".

Estas operações "não passam de performances de crueldade com o objetivo de aliciar o eleitorado da extrema-direita", sublinha.

Marta Bernardo, também ativista da HuBB, sublinha na mesma nota que tratar estas pessoas como suspeitas "retira-lhes a dignidade, despe-lhes o rosto e desumaniza-as".

"Vem também mostrar, mais uma vez, em plena luz do dia, a crescente violência estrutural levada a cabo pelos serviços de segurança pública, particularmente para com a população migrante", acrescenta.

O colectivo HuBB - Humans Before Borders exige ainda o fim deste tipo de "manobras discriminatórias", considerando que "agravam o estigma contra pessoas migrantes que se faz sentir na sociedade portuguesa".

A operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.

Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) da PSP esclarece que foram detidas duas pessoas: uma por posse de arma proibida e droga e outra que era suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.

A operação foi acompanhada por uma procuradora da República e foram cumpridos seis mandados de busca não domiciliária.

O enorme aparato policial na zona levou à circulação de imagens nas redes sociais, nas quais se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.

Questionada a porta-voz do COMETLIS, a subcomissária Ana Raquel Ricardo, sobre esta questão, explicou que uma "operação especial de prevenção criminal dá legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas" que por ali circulem.

A mesma responsável referiu que o contingente empregue "foi o necessário" para uma operação deste tipo, sem, contudo, revelar o número de profissionais envolvidos.

Segundo a PSP, participaram nesta operação meios das Equipas de Intervenção Rápida (EIR), das Equipas de Prevenção e Reação Imediata, de trânsito e à civil -- investigação criminal e fiscalização.

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