Do “czar das fronteiras” à ONU: Trump nomeia fiéis
Se na primeira passagem pela Casa Branca e com pouca experiência em Washington, o milionário Donald Trump confiou no Partido Republicano para o ajudar a escolher a sua equipa - e arrependeu-se de vários nomes -, na segunda ida para a capital está a olhar para aqueles que o acompanham e apoiam há anos para garantir que não comete erros. Um exército de fiéis para levar a cabo as suas políticas e cumprir as promessas eleitorais.
Depois de na sexta-feira escolher a sua codiretora de campanha Susie Wiles para chefe de gabinete (será a primeira mulher a ocupar o cargo), Trump anunciou no domingo à noite aquele que será o seu “czar das fronteiras” e, já na segunda-feira, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas e o chefe de gabinete adjunto para questões políticas.
Para organizar a maior deportação de imigrantes ilegais na história dos EUA, Trump nomeou Tom Homan, que já tinha sido diretor interino dos Serviços de Imigração e Alfândega no primeiro mandato. Ficará responsável “pelas fronteiras da nossa Nação” (não é só a fronteira com o México) e “a deportação dos imigrantes ilegais de volta ao país de origem”, anunciou o presidente eleito nas redes sociais.
Homan, que foi um dos defensores da política de separar pais e filhos na fronteira, disse numa entrevista à Fox News que o exército não vai andar a fazer a recolha dos imigrantes ilegais e que o processo será feito pelos agentes dos Serviços de Imigração de “forma humana”.
Outro defensor de uma política dura contra a imigração, Stephen Miller, foi nomeado chefe do gabinete adjunto para questões políticas. Miller está com Trump desde a campanha para as primeiras presidenciais, tendo sido um dos seus mais próximos conselheiros, além de escrever muitos dos seus discursos. Foi uma presença constante também nesta última campanha.
Trump também já escolheu a futura embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. O cargo foi oferecido à congressista de Nova Iorque Elise Stefanik, que chegou a ser falada como potencial vice-presidente e tem pouca experiência em questões de política externa. “A Elise é uma lutadora do América Primeiro incrivelmente forte, dura e inteligente”, disse o presidente eleito. Até agora, é a única que terá que ter aprovação no Senado, onde os republicanos têm a maioria e onde o presidente eleito defende mudanças para acelerar o processo de confirmações.
Stefanik, que defendeu vigorosamente Trump durante os processos de impeachment e apoiou a sua candidatura ainda antes de ele a oficializar, ganhou destaque a questionar os reitores das universidades norte-americanas após os protestos anti-Israel nos campus - dois acabaram por se demitir. Tem sido uma forte crítica das Nações Unidas, que acusa de antissemitismo, tendo pedido uma “reavaliação total” da forma como os EUA financiam a ONU.
Donald Trump anunciou também na segunda-feira a nomeação de Lee Zeldin, um dos seus amigos mais próximos e antigo representante do Estado de Nova Iorque, para dirigir a Agência de Proteção Ambiental (EPA).
"Vai garantir que são tomadas decisões de desregulação rápidas e justas que impulsionarão a força das empresas americanas, mantendo ao mesmo tempo os mais elevados padrões ambientais", justificou o futuro Presidente republicano.
Em reação, Zeldin disse estar "honrado" por se juntar ao executivo de Trump.
Trump estará também a ponderar convidar o senador Marco Rubio para ser o novo chefe da diplomacia norte-americana, avançou o The New York Times. Rubio, de 53 anos, um influente político de origem cubana e vice-presidente da Comissão de Inteligência do Senado (câmara alta do parlamento dos Estados Unidos), chegou a ser apontado como possível vice-presidente de Trump, escolha que acabou por cair em J.D. Vance.