Menina abandonada em Lisboa já estava referenciada pela CPCJ
A criança abandonada esta quinta-feira, 15, de madrugada junto à Estação de Entrecampos, em Lisboa, e a respetiva mãe “já estavam referenciadas pela CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens), porque já tinham sido registados episódios desfavoráveis, de negligência, no passado”, apurou o DN junto do Comando Metropolitano da PSP.
O alerta foi dado por uma pessoa que passava, pelas seis da manhã desta quinta-feira, junto à estação ferroviária de Entrecampos: uma criança tinha sido abandonada, na via pública, dentro de um carrinho de bebé. A polícia foi chamada ao local, mas só pelas 09:30 encontrou a mãe da criança, uma menina de quatro anos.
“A mãe foi interceptada e identificada. Não vai ficar detida, mas será constituída arguida e ficará com TIR (Termo de Identidade e Residência). Uma vez que não foi apanhada em flagrante delito e o crime de exposição ao abandono não ultrapassa a pena de cinco anos, não fica detida. Foi à esquadra prestar declarações, será aberto inquérito, ouvidas as testemunhas que presenciaram o abandono e acionado o Ministério Público”, contou ao DN o comissário Paulo Martins, do Comando Metropolitano de Lisboa.
Durante as primeiras horas do dia, devido ao estado de embriaguês em que foi encontrada, “a mulher não estava com um discurso coordenado e orientado. Foi preciso esperar e, com o passar das horas, o seu estado melhorou e pôde falar”.
A mulher que abandonou a filha “tem 25 anos e é originária de São Tomé”. “Neste momento, não sabemos se tem documentos e de que forma está em Portugal”, acrescentou o oficial da PSP.
A mãe da criança foi levada para a esquadra da Penha de França, correspondente à área onde foi identificado o abandono da menor. “Na altura, ainda estava bastante embriagada, apresentava um forte odor a álcool e percebemos, pela forma como se locomovia, que não estava no seu estado normal”, descreveu Paulo Martins. “Saiu de madrugada, esteve num bar naquela zona, deixou a criança na rua e voltou para a pensão onde se encontra instalada desde o mês passado”, acrescentou o comissário do Cometlis.
Ainda segundo Paulo Martins “a senhora estava sozinha com a filha. Não conhecemos o pai nem outros familiares e desconhecemos, até ao momento, se terá outros filhos, em São Tomé”.
A criança, que “tem uma malformação congénita”, foi levada para o hospital D. Estefânea, “mas está bem de saúde e o tempo que esteve na rua não a terá prejudicado a esse nível”.
Quando a menina tiver alta médica será acolhida numa instituição. “Vai ser acionada uma linha de emergência e contamos que alguma instituição fique com a criança, dado que não há outros familiares e a mãe não se mostra capaz de tomar conta da filha”, acrescenta o comissário Paulo Martins.
Ainda segundo o oficial do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, os casos de abandono na via pública, semelhantes ao que aconteceu esta quinta-feira, “são muito raros”. “O abandono, desta forma, não é frequente”. Já as situações de negligência têm aumentado: “Há muitas e em todo o lado. É o que não falta por aí”, conclui Paulo Martins.