Paddy Cosgrave quer Web Summit em Lisboa "para sempre"
O fundador e presidente executivo da Web Summit reiterou esta quarta-feira a vontade de manter uma das maiores feiras de tecnologia da Europa em Lisboa para lá de 2028, quando termina o acordo que vigora com a autarquia de Lisboa e que tem o apoio do Governo.
"A Web Summit combina perfeitamente com Lisboa e espero que possamos ficar aqui para sempre", afirmou Paddy Cosgrave, em conferência de imprensa, durante o terceiro dia da edição de 2024 da Web Summit.
Questionado sobre se já está em diálogo com as autoridades nacionais para prolongar o acordo que existe, o empreendedor disse que "2028 ainda não está nos planos". "Estamos em 2024. Para mim, 2028 é como se fosse no próximo século", enfatizou.
Quanto às condições existentes na Feira Internacional de Lisboa (FIL) e no Meo Arena, onde se realiza a Web Summit desde 2016, Cosgrave fez saber que a organização está "utilizar todo o espaço possível".
O acordo que existe prevê que a área disponível na FIL cresça substancialmente. Em anos anteriores, houve queixas da organização sobre a necessidade do espaço disponível crescer. Quanto a isso, Paddy Cosgrave limitou-se a afirmar: "Este ano apostamos mais no espaço exterior dos pavilhões. Desde que a meteorologia ajude, vamos fazer o possível para aumentar o espaço dentro das limitações que temos", adiantou, realçando que a organização está "sempre disponível para debater e conversar".
"Muitos criticaram a vinda da Web Summit para Lisboa, em 2016. Achavam que deviamos ter ido para uma capital europeia tecnológica, mas nos últimos nove anos Lisboa transformou-se e acho que a Web Summit teve algum papel nisso", prosseguiu Paddy Cosgrave.
Reiterando que se sente bem com a realização da Web Summit em Lisboa, lembrou que o atual Governo é "novo" e que a edição que termina quinta-feira "foi a primeira oportunidade" dos governantes terem contacto com o evento e com a organização.
"Foi a primeira vez do novo primeiro-ministro [Luís Montenegro], do novo ministro da Economia [Pedro Reis] e muitos outros estarem aqui, mas estou ansioso por conhecê-los o melhor possível", frisou.
A edição de 2024 conta com 71 528 participantes. Cosgrave aproveitou também a ocasião para asseverar que as receitas da Web Summit cresceram 30%, este ano, apontando "lucros de quatro ou cinco milhões de euros", mas sem detalhar ou explicar os números que disse. E acrescentou que o lucro antes de descontar impostos, juros, amortizações e depreciações "foi de dez ou onze milhões". "Tem sido um ano muito lucrativo", afirmou.
Durante a conferência de imprensa, Paddy Cosgrave foi ainda questionado sobre os ataques de Israel contra palestinianos na Faixa de Gaza, uma vez que em 2023 as opiniões do fundador da Web Summit levaram Israel a promover um boicote ao evento, o que levou ao afastamento temporário de Cosgrave. Concretamente, Cosgrave foi questionado se falou sobre o tema, por exemplo, com Robert Habeck, vice-chanceler da Alemanha, que esteve na Web Summit.
O empresário fugiu às questões que envolviam a Faixa de Gaza. Por um lado, fez saber que quando esteve afastado refletiu sobre a utilidade da Web Summit, defendendo que o evento é "sobre ligar pessoas e ideias" e lembrou que muitas das empresas que tinham boicotado a última edição voltaram este ano. Menos a Intel e a Volkswagen, ausências que o gestor justificou com "grandes problemas" que ambas atravessam. Por outro, confidenciou que falou com Robert Habeck sobre as tarifas que a União Europeia quer impor aos carros fabricados na China.
Cosgrave também reiterou, em conferência de imprensa, a ambição de levar a Web Summit a um país africano e assegurou que voltará a ter uma cimeira tecnológica na Ásia, já em 2025.
Além de Lisboa, a Web Summit organiza eventos idênticos no Rio de Janeiro (Brasil), em Doha (Qatar) e em Vancouver e Toronto (Canadá). Em 2019, organizou um evento em Hong Kong.