Paulo Raimundo, no discurso de reação aos resultados eleitorais, falou em "resistência" perante a paerda de deputados.
Paulo Raimundo, no discurso de reação aos resultados eleitorais, falou em "resistência" perante a paerda de deputados.Álvaro Isidoro /Global Imagens

Com promessa de “resistência”, CDU perde metade dos deputados e Alentejo é passado

Comunistas garantem continuação da bancada parlamentar. A grande mudança é o facto de o líder do partido, Paulo Raimundo, obter um mandato. Alfredo Maia e Paula Santos não arredam pé do hemiciclo, mas o PCP ficam com metade dos deputados.
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Pela primeira vez em 50 anos, os comunistas não elegem nenhum deputado pelo Alentejo, mas é garantido que o hemiciclo continuará a ter representação do PCP, com Paulo Raimundo, Paula Santos e Alfredo Maia a conseguir mandatos. Perante este resultado, a palavra da noite foi “resistência”. Quanto às causas, continuam as mesmas: salários, habitação e saúde. Sobre eventuais alianças, depende das causas.

“Só podem contar com a convergência para isso”, afirmou este domingo o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, quando foi questionado se espera algum entendimento com os restantes partidos da esquerda. “A principal convergência a tratar será como é que vão estar os salários, a habitação, a saúde. Essa é que é a questão fundamental, porque é essa que responde aos problemas das pessoas, e foram esses problemas das pessoas que tiveram, de certa forma, na expressão eleitoral”, declarou.

A CDU, a coligação entre o PCP e o PEV, à hora de fecho deste jornal, quando a contagem total de todos os círculos eleitorais estava 98,98% apurada, tinha conseguido 201 402 votos, que garantiram três mandatos e 3,30% dos votos. Em número total de votos, a CDU fica 30 mil abaixo daquilo que conseguiu obter em 2022, mas, em número de deputados, o grupo parlamentar fica reduzido a metade.
O resultado mais paradigmático desta eleição é, porém, a saída do Alentejo, com João Dias a não conseguir ser eleito por Beja.

Quanto a Évora, que há dois anos tinha deixado João Oliveira fora do hemiciclo, volta a fazer o mesmo, mas desta vez com Alma Rivera, que também não será deputada nesta legislatura.

Quanto à luta que resta, Paulo Raimundo, no seu discurso de reação ao resultado destas legislativas, questionado sobre como é que via o resultado do Chega, que ultrapassou um milhão de votos, afirmou que “o povo é quem ordena”. “E é este povo que vai ordenar o aumento dos salários, que vai ordenar as soluções para o problema de saúde nacional, que vai ordenar as soluções para pôr a banca a pagar o aumento dos taxas de juros, não há alternativas, é o povo que vai ordenar”.

Quanto ao facto de o povo ter escolhido o partido liderado por André Ventura para depositar um milhão de votos, o líder comunista disse acreditar que “milhares e milhares de pessoas que foram arrastadas por um voto, pensando que dali vai sair alguma solução para as suas vidas” acabarão por constatar que “dali não sairá nenhuma solução para as suas vidas”. “Pelo contrário, vão agravar todos os problemas”, concluiu.

Jerónimo de Sousa, o antecessor de Paulo Raimundo, não prestou declarações aos jornalistas mas fez questão de marcar presença no hotel Sana Metropolitan, mesmo em frente à sede do PCP, onde decorreu a noite eleitoral do partido. Sentado a escassas cadeiras de distância durante o discurso de Paulo Raimundo, também João Ferreira contribuiu para o painel comunista, junto de outros membros da Comissão Política.

O fim da tarde na sede da noite eleitoral da CDU foi marcado pelo silêncio, apenas interrompido com aplausos e gritos animados quando o partido elegeu Paula Santos, pelo círculo de Setúbal. Mais tarde, quando Paulo Raimundo, eleito por Lisboa, garantiu o mandato, o som intensificou-se. Por fim, pelo menos até à hora de fecho desta edição, a CDU ainda elegeu Alfredo Maia, pelo Porto, o que consolidou o resultado perante grande parte dos apaoiantes comunistas.

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