A caminho das Europeias: o papel cívico das universidades

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As próximas Europeias vão ser determinantes. Mas como impulsionar a nova geração para umas eleições que não têm o impacto mediático das Legislativas? Aqui, acredito que as universidades podem desempenhar um papel crucial.

As universidades formam profissionais, mas também cidadãos conscientes e ativos. As instituições de ensino superior são berços do conhecimento e campos onde se cultivam as mentes jovens, dotando os estudantes de conceitos académicos que lhes facultem as bases para se tornarem profissionais competentes, mas não só. Existem valores fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável e, no meio académico, é importante que a transmissão desses valores não seja descurada. Assim, à medida que nos aproximamos das europeias, é importante refletirmos sobre o papel das universidades na promoção da responsabilidade civil e na participação ativa dos estudantes na sociedade que os rodeia.

Primeiro, devemos explicar a relevância das Europeias, que podem determinar o futuro, por exemplo, do emprego científico e académico, entre tantos outros fatores que vão impactar os nossos alunos. No ambiente académico, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver não apenas as suas competências técnicas, mas também uma compreensão mais ampla de qual pode e deve ser o seu papel na sociedade. No ambiente universitário são expostos a diferentes culturas, ideias e perspetivas, o que lhes permite formar uma visão mais holística do mundo. Foi entre as universidades e a União Europeia que se desenvolveu aquele que, na minha opinião, é um dos mais importantes contributos para o sentimento de cidadania Europeia – o programa Erasmus – e que veio mudar significativamente a vivência académica na Europa.

Cada vez mais defendo que deve ser parte integrante da missão das universidades o desejo de equipar os estudantes com as ferramentas necessárias para se tornarem verdadeiros agentes de mudança, com capacidade para enfrentarem os desafios emergentes com criatividade e, acima de tudo, com responsabilidade, num ambiente multicultural.

A promoção da responsabilidade civil entre os estudantes pode ser feita de diversas formas. A integração de um perfil curricular no programa académico dos estudantes tem sido uma das medidas mais bem-sucedidas, dotando-os, para além das necessárias competências técnicas, das chamadas soft skills, ou competências do futuro, e que lhes permitem desenvolver uma compreensão mais profunda de como o seu trabalho futuro pode vir a impactar positivamente a sociedade.

A ligação dos estudantes ao mercado de trabalho é outro aspeto fundamental e que deve integrar o compromisso de qualquer instituição de ensino superior com a responsabilidade cívica. Ao proporcionar aos estudantes experiências práticas e exposição à realidade profissional, existe uma preparação que vai além do aspeto técnico das suas futuras carreiras. Os jovens são desde cedo incentivados a pensarem de forma integrada, abrangente, considerando não apenas a vertente mais técnica do seu trabalho, mas também o seu impacto social, ambiental e económico.
As universidades desempenham um papel essencial na formação de cidadãos responsáveis e envolvidos com o mundo que os rodeia. Ao cultivar a consciência cívica entre os estudantes e incentivá-los a participar ativamente na sociedade, as instituições estão a contribuir para a construção de um futuro mais promissor e sustentável para todos nós e gerações futuras. À medida que nos encontramos cada vez mais perto das eleições europeias, é importante reconhecer e valorizar o papel das universidades nesse processo de transformação e progresso social.

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