Foto: Gerardo Santos
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Montenegro vai à Web Summit anunciar IA em português

Inauguração da feira de startups lisboeta dividiu-se entre o número recorde de participantes, nomeadamente aquelas fundadas por mulheres, à escolha da cidade de Lisboa como capital europeia de inovação e culminou na novidade bombástica divulgada pelo primeiro-ministro.
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Em bom português, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, aproveitou a cerimónia de abertura do Web Summit para divulgar que o Governo vai lançar, no primeiro trimestre do próximo ano, um “grande modelo de linguagem” em português. Trata-se,  mais precisamente, de um LLM, na sigla em inglês, um Large Language Model, o sistema por trás dos modelos de Inteligência Artificial como o ChatGPT ou o Gemini, da Google - uma iniciativa que o governante considerou como “um passo crítico”, não só para a educação, como para a administração pública e empresas. 

Num discurso que misturou o vangloriar do passado com as conquistas do presente, Luís Montenegro apontou as várias vantagens de viver e trabalhar em Portugal. “Somos um país com muita qualidade de vida, onde [as empresas] se podem inspirar para criar inovação e tornar a nossa sociedade mais desenvolvida”, afirmou o primeiro-ministro, apontando, entre outros exemplos, as vantagens da “excelente localização geográfica” do país, que serve de “ponte entre a Europa, a América e África”. 

Montenegro lembrou ainda os séculos de história, com o país sempre focado na inovação, e lembrou que aqui existe uma comunidade internacional que traz o seu capitalismo de inovação e “muito daquilo que são as tecnologias ao capital humano e sua utilização”. Sobre as startups o primeiro-ministro afirmou que “queremos que aqui nasçam, aqui tenham o scale up e sejam grandes empresas”. 

O discurso sobre as startups foi um pouco em linha com aquele proferido por Carlos Medas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa que, minutos antes, relembrou o descrédito que, há alguns anos, surgiu no momento em que comunicou que queria implementar uma fábrica de unicórnios na capital portuguesa. Hoje, a cidade conta com 14 unicórnios que decidiram escolher Lisboa para ter o seu office. 

Segundo Carlos Moedas, Lisboa conseguiu o feito porque “acreditou, porque teve disciplina e porque teve audácia”. E apontou: “Quando as pessoas dizem não acreditar devemos transformar isso em força e audácia”. E batalhar ainda mais. 

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa exemplificou com a candidatura de Lisboa a Capital Europeia de Inovação. “De início ninguém acreditava. Hoje, não só detém esse título como, inclusive, implementou a tão polémica fábrica de unicórnios”. 

Aos 14 unicórnios já mencionados “temos mais de 70 empresas que se juntaram” referiu Moedas, dando como exemplo a consultora McKinsey, que trouxe para Portugal “mais de 700 postos de trabalho”, ou o centro da Deloitte, que “criou mais de 2500 empregos”. 

Carlos Moedas fez ainda questão de sublinhar que a inovação tem de caminhar de braço dado com o investimento em apoio social. “Sem isso não há inovação”. 

“A fonte secreta de inovação é que se mantiverem o equilíbrio entre pessoas como vocês e a proteção das pessoas que são vulneráveis todos os dias, então têm inovação e isso é sustentável”, disse à plateia.

Os números da Web Summit 2024

A edição deste ano tem um número recorde de startups. A afirmação foi depois feita por Patrick “Paddy” Cosgrave, fundador e CEO da Web Summit, que destacou as empresas oriundas dos Estados Unidos da América e do Brasil. 

Tão ou mais importante para este responsável é ainda o facto de 44% das 3000 startups presentes terem sido fundadas por mulheres. Um número que orgulha Paddy, que afirmou: “As startups estão no epicentro da Web Summit”.

O fundador e criador do evento apontou algumas das novidades existentes este ano, com destaque para os meetups, dado que a organização quer, agora, investir na criação de laços e de comunidades.

Isto sem esquecer, claro, as tradicionais temáticas. Porque “a tecnologia está a impactar tudo o que tínhamos como certo”.

 

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