O mergulho da Cassini e o metano de Marte

Na órbita de Saturno há 12 anos, a sonda Cassini, da NASA, vai despenhar-se em setembro no planeta
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O sistema solar vai estar no centro das atenções em 2017, com a promessa de grandes novidades a chegarem de Marte, de Júpiter e de Saturno. Mas para lá do sistema solar, os exoplanetas, aqueles mundos longínquos e misteriosos que orbitam muitas outras estrelas da galáxia, terão também sobre eles o olhar de mais um telescópio espacial, o TESS (de Transiting Exoplanet Survey Satellite), que vai abrir uma nova janela para a sua busca.

Primeira data a reter: 15 de setembro de 2017. Nesse dia, a sonda Cassini, da NASA, que há 12 anos está na órbita de Saturno, vai mergulhar no planeta, numa derradeira manobra de aproximação lenta, o que lhe permitirá enviar para a Terra imagens e dados inéditos, antes de se despenhar e autodestruir-se.

Será a primeira vez - e a última, para a Cassini - que uma sonda terrestre poderá captar imagens tão próximas do planeta dos anéis. Com esse voo, que há de conduzi-la ao seu grand finale, os cientistas da missão esperam respostas para questões que permanecem sem solução, apesar do muito que a sonda já revelou, como a descoberta de novas luas ou a existência de água numa delas, a Encelado.

Com essa última manobra, esperam-se novidades, por exemplo, sobre a origem dos anéis, a imagem de marca de Saturno.

A sonda vai usar, entre outros, o detetor de partículas que tem a bordo para contabilizar ao vivo e a cores - por amostragem, claro - os bocados de rocha de diferentes dimensões para determinar a sua composição. Outra das derradeiras tarefas para a Cassini é fazer mapas detalhados dos campos magnético e gravítico do planeta, o que ajudará a perceber de que é feito por dentro.

Para a sonda europeia ExoMars, cuja inserção na órbita do Planeta Vermelho foi celebrada com júbilo a 18 de outubro último, 2017 será um ano de afirmação e, quem sabe, de revelações.

A nave europeia prepara-se para fazer um estudo detalhado da atmosfera marciana, quantificando os gases que a compõem, entre eles, o vapor de água e o metano. Este último tem mostrado ali misteriosas flutuações desde que foi detetado pela primeira vez pela Mars Express, há mais de dez anos. Porque é que isto é importante? Porque na Terra o metano está associado ao metabolismo da vida. A sua presença intermitente na atmosfera marciana levanta a hipótese da existência de microrganismos no subsolo marciano, que poderiam ser os responsáveis por estes surtos imprevisíveis daquele gás. A ExoMars poderá ser decisiva para se fazer essa prova dos nove.

Finalmente, Júpiter, se tudo correr como se espera, será também fonte de novidades, quando a sonda Juno, da NASA, que está na órbita daquele planeta desde agosto, começar a enviar para a Terra os mapas em 3D do seu interior, onde os níveis de radiação são letais e as tempestades dantescas. Como é Júpiter por dentro? 2017 é o ano em que isso vai começar a saber-se.

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